terça-feira, 21 de setembro de 2010

Eleições 2010


Salvador virou uma lixeira a céu aberto. Todos os dias amanhecem na capital baiana novos cartazes instalados à margem das principais avenidas da cidade, com fotos de candidatos às eleições 2010.
Não bastam os intermináveis horários gratuitos três vezes ao dia, totalizando cento e cinqüenta minutos de pura baboseira, além das propagandas gratuitas, tudo veiculado na rádio e TV. Político sempre quer mais um pouquinho. E ganha.
Deve ser a única ocupação que recebe salário, mas não o utiliza para seus gastos com viagens, combustível, telefone, internet... tudo pago por você e eu, que como todos os demais trabalhadores brasileiros, pagamos por nossas viagens, combustível, aluguel, financiamento de carro, supermercado, luz, telefone, internet e etc com nossos salários. E como nunca dá, ainda pagamos os juros quando entramos no limite da conta no banco.
Então, a cada dois anos somos convocados para, democraticamente, eleger nossos representantes no legislativo e executivo, após sermos bombardeados por toda a propaganda política. Os candidatos não fazem a menor cerimônia em emporcalhar as vias públicas para mostrar seus sorrisos, que também só aparecem nesta época de eleições, além de nos entediar diuturnamente com seus discursos ultrapassados, frases feitas, promessas já muitas vezes anunciadas e jamais executadas.
Os eleitores, por outro lado, vivem um momento de absoluto torpor, como já visto antes na história. A saúde pública continua um caos, segurança pública virou piada, as estradas estão tão esburacadas quanto a quatro anos atrás, os bancos bateram todos os seus recordes de lucro, o funcionalismo público nunca ganhou tão mal, os aposentados beiram a linha da miséria, já que somente o salário mínimo aumenta e ainda assim, é pouco então a solução é distribuir esmolas, bolsa disso, daquilo e de mais alguma coisa. O melhor: quem paga? Você e eu.
Claro que qualquer democracia é melhor que uma ditadura, mas caso ainda não tenham percebido, as massas de manobra deste país nunca foram tão afinadamente manobradas quanto hoje. E apesar de estar tudo como dantes, o pensamento da esmagadora maioria – haja vista os índices das últimas pesquisas – é que nada disso importa, já que, se estivessem eles no poder, fariam exatamente igual. Cada um por si, o resto que se dane.
Apesar de ser otimista por natureza, vejo com preocupação o endividamento do país, a aceitação aos repetidos assaltos a mão armada aos cofres públicos, a trieleição do suposto trabalhador da indústria que desde que ingressou na política nunca mais bateu um cartão de ponto.
Quem quiser que acredite em ferrovia oeste leste, ponte Salvador Itaparica, coelhinho da páscoa e Papai Noel. Eu voto com minha consciência, nos (poucos) candidatos que se mostram sérios e apresentam propostas simples, mas coerentes para governar e legislar.