quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Lapidar uma mulher


Já faz algum tempo que venho ensaiando escrever sobre a mulher e sua evolução ao longo dos tempos, mas termino publicando outras coisas. Agora, devido a experiências de vida que foram partilhadas comigo, me senti quase que compelida a tratar deste tema.

Quando entrei na faculdade de Direito, o Código Civil vigente ainda era o de 1916, que trazia pérolas como em seu art. 233: "O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos". E não parava por aí... Art. 242: "A mulher não pode, sem o consentimento do marido: VII. Exercer profissão. VIII. Contrair obrigações, que possam importar em alheação de bens do casal. IX. Aceitar mandato."

Ao me formar, entrava em vigor o Código Civil de 2002, melhor adaptado à realidade da sociedade brasileira. Vejam o que diz o novo artigo acerca do papel do homem e da mulher na casamento: "Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família."

Algumas pessoas acreditam que as leis mudam as relações sociais, eu creio no oposto. As relações sociais é que mudam as leis, porque estas são reflexo daquelas.

Inegável que o começo de todo ser humano é sua mãe. Seu ventre, o que ela bebe, come... Mãe e filho são um só. Depois que nasce, durante os primeiros meses de vida, também é com ela que se formam os laços mais fortes, porque é ela quem amamenta, perde noites de sono, vigia. Depois de alguns dias ou meses é que pai e mãe conseguem dividir melhor as tarefas, mas o vínculo com a mãe é sempre mais forte. E justamente por isso não entendo a necessidade de algumas sociedades em insistir na submissão e humilhação feminina. Fico imaginando que cidadãos este tipo de conduta forma, sem respeito àquelas que são a imagem de quem lhes deu a vida, alimentou, ensinou o que é amor.

Entendo que cada ser humano tem seu próprio tempo de trevas e luz, ignorância e conhecimento, então talvez estes povos ainda tenham um longo caminho a percorrer, até se darem conta do que perderam preocupando-se em subjugar a mulher, usar a força sobre a inteligência, violência para dominar o espírito feminino... Porque homens e mulheres são sim diferentes, mas se completam, não falo apenas enquanto casal, mas na convivência.

Nós mulheres temos uma força interior que transcende a física, emana pelos nossos poros, contagia com uma energia diferente aqueles que nos cercam... Mas isso somente floresce em condições favoráveis, impossível alguém emanar positividade enquanto é massacrada. Assim como o canto de um passarinho preso tem menos brilho que aquele ouvido ao longe, enquanto ele mergulha pelo céu.

Para finalizar, compartilho com vocês o texto de Affonso Romano de Sant'Anna, que inspirou o título do post:

"
Há quem tente lapidar uma mulher como se lapida jóia rara e pedra bruta. Com escalpelo cinzel buril inscrevem nela uma figura, depois a expõem nos salões revistas e altares apregoando quantos camelos quantos colares vale o dote -da criatura. Na Nigéria também lapida-se mulher mas de forma inda mais dura. Não bastassem os muros em que viva vive emparedada é sob pedras que a mulher viva é pétrea e friamente sepultada quando não se conforma com a forma como desde sempre é deformada. Assim a mulher que se nega a ser por eles esculpida deve morrer como viveu: -petrificada. Atiram-lhe tantas pedras até que não se veja a forma e o sangue da apedrejada, até que a mulher-alvo alvejada desapareça numa maré de pedras coaguladas. Desta feita os escultores foram mais perfeccionistas deixaram a mãe amamantar o filho antes que o leite no seio se petrificasse. Assim o filho na fonte beberia o pétreo ensinamento antes que a fonte secasse. Ao amante não lapidaram. Ali o homem já nasce feito é obra de arte que dispensa qualquer lapidação. A mulher, sim, carece de acabamento posto que imperfeita figura na ordem da criação."

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Marido viaja e... TUDO ACONTECE!


Meus amigos, foram tantos os acontecimentos desde que Gill embarcou na sua última viagem a trabalho (e ele só volta domingo!) que estou compartilhando minha tese com vocês: basta o homem da casa viajar que tudo começa a desandar!!!
É verdade que eu tenho aquele ar auto suficiente, independente, mulher moderna que já nasceu sabendo se virar. Pois bem, isso tudo é verdade. Mas quando se vive em dupla, a gente se acostuma com a parceria, cumplicidade, a dividir os risos e também o stress...
Mas deixa eu explicar do começo...
Na quinta-feira quando Gill viajou, a Embasa resolveu fazer uma greve básica e faltou água aqui no condomínio quase 3 dias seguidos. Foi um stress só, cheguei a repensar se ia deixar minha mãe vir ficar comigo como ela havia planejado, mas a água voltou e então no sábado lá fui eu a Salvador, trazer ela e Ash para cá.
Tudo certo, programado, até que... quando cheguei do trabalho, na terça-feira, diarista em casa a todo vapor, geladeira descongelada para lavar... Cadê a água?! Novamente a Embasa me prega uma peça e faltou água até umas 23h...
Ok, vamos pra frente que a semana estava apenas começando.
Quarta-feira fui ao supermercado, comprei água mineral, ração e... descobri o quanto é penoso carregar aquele garrafão do carro à cozinha e do chão até o bebedouro. Depois, o mesmo processo para a ração... E eu estava exausta!
Tinha planejado tomar um vinho tinto com minha mãe, mas a sacola do mercado partiu e a garrafa quebrou em mil pedaços no meio da cozinha. Não, eu não estou inventando isso e tenho testemunhas.
No dia seguinte, cheguei em casa disposta a relaxar, dormir cedo, esquentar a lasanha para minha mãe e eu, tomar meu suquinho de maracujá e desmaiar... Teria sido lindo, mas isso não estava nos planos da Coelba. Sério! Faltou energia elétrica no exato momento em que me deitei para dormir. E não voltou até 04:30h! Ou seja, somente dormi profunda e confortavelmente (com o ar condicionado ligado) por pouco mais de uma hora, antes de sair para mais um dia de trabalho.
Ah, eu mencionei que no dia anterior comi um peixe no almoço que me fez muuuuito mal? E que a torneira do lavabo não pára de pingar? Pois é.
Sexta-feira, apesar da noite mal dormida, do cansaço, de tudo... comecei o dia animada. Afinal, a volta de Gill já estava próxima e eu ADORO sextas-feiras... Até receber um telefonema da diarista, avisando que arranjou um emprego e que somente concluiria as diárias deste mês, que praticamente acaba semana que vem.
E lá vou eu, ligar para as amigas, providenciar uma solução para MAIS ESTE problema!
Saí do trabalho mais cedo e quando cheguei em casa ouvi de minha mãe que a energia elétrica foi embora novamente, ela ficou praticamente a manhã inteira fazendo palavras cruzadas. Tadinha, que acampamento furado fui arranjar para ela esta semana!
Gente, era isso, desabafei! Agora já avisei a Gill que ele só viaja depois de planejar com meses o estoque de ração, água mineral, revisar a parte elétrica, hidráulica e etc!!!
Ah, eu disse que metade das lâmpadas da casa queimaram, depois do apagão?!
Volta logo, meu amor!!!