No primeiro post eu disse que este blog não traria apenas textos sobre Direito, mas que, por ser esta minha atividade profissional, eventualmente temas jurídicos seriam aqui discutidos, pensados, refletidos.
Na faculdade estudamos muitos conceitos, mas ao longo da vida e com a experiência profissional adquirida, sinto-me à vontade para formular eu mesma a definição para algumas coisas. O Direito, para mim, é um reflexo da sociedade à qual ele serve. Nem toda Lei já criada pelos homens e seus Governos, se submetida a uma análise hoje, seria aceita pelos cidadãos. Basta fazermos uma incursão pela História, não precisamos ir muito longe, para perceber que: até o início do século passado as mulheres não tinham permissão para votar. Nos anos 60 negros tinham banheiros, bebedouros e assentos de ônibus separados dos brancos nos Estados Unidos. No Brasil, até 1977 casamentos eram indissolúveis. Isto para citar alguns exemplos.
Introduzo o assunto falando de Leis ultrapassadas, para demonstrar que Leis são normas que refletem as necessidades da sociedade.
Pois bem, atualmente, a combinação bebida e trânsito MATA. E, infelizmente – sem hipocrisia, nem sempre mata somente o inconseqüente que “só tomou duas cervejinhas”. Mata gente inocente que está num ponto de ônibus indo ou voltando do trabalho. Mata crianças que atravessavam a rua voltando da escola. Mata famílias inteiras que viajavam de férias noutro carro ou ônibus. MATA.
E, se o que temos de mais precioso é a vida, como não preservá-la? Pois é, o ser humano tem dessas... Ele se acha tão próximo e semelhante a Deus que quer agir como se fosse imune ao álcool. Daí sai de casa, bebe, bebe mais um pouco, pede a saideira, entra atrás do volante de um carro e MATA. Quando não MATA mas é pego numa blitz policial, fica irritado. Afronta o policial e berra que não está embriagado.
Entrou em vigor a Lei 11.705/08, que regulamenta e modifica alguns artigos do Código de Trânsito Brasileiro. Leiam, conheçam a Lei. Importante frisar aqui, para os leigos, que nenhum cidadão pode alegar que descumpriu uma Lei por desconhecê-la.
Tenho assistido várias reportagens desde que a Lei entrou em vigor, cada uma mais ridícula que a outra. Patético ver profissionais de renome do jornalismo nacional, comendo uma sobremesa de papaya com licor de cassis, somente para depois assoprar no bafômetro e mostrar que o equipamento acusa um nível de álcool elevado. Ou bochechando com enxaguantes bucais, ou comendo bombons de licor com a mesma finalidade.
VAMOS DEIXAR DE SER IMBECIS!
Quer beber? Dê uma festa em casa e convide os amigos. Quer beber num barzinho ou boate? Combine antes a volta com um amigo que não vai beber, ou chame um táxi! Melhor que MATAR.
Semana passada foi feriado de São João em todo o nordeste, a Bahia não é exceção. E, como sempre, em meio a vários acidentes, vários mortos. Nesta triste estatística, uma colega de trabalho, que morreu esmagada por um ônibus, quando voltava com a família das festas, em direção a Salvador. Morreram ela, um filho e uma cunhada. O marido e outro filho permanecem internados. O motivo do acidente? Adivinhem...
Confesso que escrevi este post com raiva, cheia de indignação, por sermos tão idiotas às vezes. Adoro o Brasil, os brasileiros, mas não me conformo com a pergunta: será que essa Lei “vai pegar”? Pergunta mais boba. As opções são simples: parar de beber e dirigir. Ou MATAR. Ou pior, morrer.
O vídeo é uma forma de amenizar as palavras duras e parabenizar o pinguço que preferiu a bicicleta ao carro...
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