Segunda-feira é sempre um dia dos mais férteis no jurídico...
Todos cheios de novidades do fim de semana, cada um ansioso por contar suas peripécias aos colegas.
Dra. Agnes é uma das advogadas mais sérias com a qual convivo diariamente, o tipo da pessoa que quando fala, os demais respondem: sim, senhora!
Pois bem, numa segunda-feira, chegou ao escritório pela manhã, iniciando seus trabalhos cantando o mais novo hit da torcida Ba x Vi:
“Na sua boca eu viro fruta
Chupa que é de uva
Chupa, chupa
Chupa que é de uva”
Os colegas, surpresos, se entreolharam, mas permaneceram calados, temendo contrariar a dra... Eu, ousada que sou, avisei: essa vai pro blog, dra.!!!
Para os que desconhecem esta pérola da música popular baiana, aqui vai a letra:
Chupa Que É De Uva
Aviões do Forró
Composição: Alexandre Avião / Richardson Maia / Marujo
"Vem meu cajuzinho
Te dou muito carinho
Me dá seu coração
Me dá seu coração
Vem meu moranguinho
Te pego de jeitinho
Te encho de tesão
Te encho de tesão
Me deixa maluca
Tira o mel da fruta
Me mata de amor
Me mata de amor
Me pega no colo
Me olha nos olhos
Me beija que é bom
Me beija que é bom
Na sua boca eu viro fruta
Chupa que é de uva
Chupa, chupa
Chupa que é de uva"
Este é um espaço para as minhas opiniões e as suas, entre, puxe uma cadeira, sente e fique à vontade...
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Bete e o preso
Numa manhã de outono no escritório, sol a pino lá fora, bem típico de qualquer época do ano em Salvador, Bob, Fabíola e Bete trabalhavam normalmente.
Os demais colegas estavam em diligência externa, o que normalmente implica dizer que estava cada qual cuidando de seus processos no Fórum, Juizados e etc.
Meio dia, jurídico vazio, momento que Bete mais se dedica ao trabalho, pois considera o horário de almoço, tão sagrado para tantos, absolutamente dispensável.
De repente, o telefone toca. A recepcionista avisa que um cliente está na linha, ansioso por notícias a respeito de seus processos.
Bete então respira fundo, pois seu raciocínio já foi interrompido, e decide atender a ligação. Logo no início da conversa, a advogada identifica a necessidade de que o cliente volte a ligar quando os outros advogados retornarem do almoço, pois ele tem várias ações em curso, e somente assim seria possível informá-lo sobre a situação atualizada de cada uma.
O cliente então, responde que não será possível ligar mais tarde.
A dra. insiste, explica que no horário de almoço não pode, sequer, solicitar as pastas do cliente aos arquivistas, que estão almoçando.
Ainda assim, o cliente é categórico ao afirmar que precisa da informação naquele momento, pois não poderá ligar noutro horário.
A advogada então orienta-o a comparecer pessoalmente à sede do escritório, para tratar dos seus processos.
Nova recusa do cliente, que afirma ser impossível fazer uma visita aos advogados.
Bete então, coberta de razão, se insurge contra tamanho “desinteresse” e inicia verdadeiro sermão, de que ele é a parte mais interessada, que deve acompanhar o andamento dos processos, que precisa sim comparecer ao escritório porque o advogado não atua sem ajuda da parte, que é dever desta fornecer todos os documentos necessários a sua defesa em juízo......
Do outro lado da linha, o cliente finalmente se justifica: ô dra... não é que eu não queira... é que eu não posso... eu estou preso... e os guardas só me deixam usar o telefone neste horário...
___________________________________________________
Em homenagem ao amigo Gaúcho que agora se aventura a advogar em terras baianas e que tanto gostou desta historinha...
Os demais colegas estavam em diligência externa, o que normalmente implica dizer que estava cada qual cuidando de seus processos no Fórum, Juizados e etc.
Meio dia, jurídico vazio, momento que Bete mais se dedica ao trabalho, pois considera o horário de almoço, tão sagrado para tantos, absolutamente dispensável.
De repente, o telefone toca. A recepcionista avisa que um cliente está na linha, ansioso por notícias a respeito de seus processos.
Bete então respira fundo, pois seu raciocínio já foi interrompido, e decide atender a ligação. Logo no início da conversa, a advogada identifica a necessidade de que o cliente volte a ligar quando os outros advogados retornarem do almoço, pois ele tem várias ações em curso, e somente assim seria possível informá-lo sobre a situação atualizada de cada uma.
O cliente então, responde que não será possível ligar mais tarde.
A dra. insiste, explica que no horário de almoço não pode, sequer, solicitar as pastas do cliente aos arquivistas, que estão almoçando.
Ainda assim, o cliente é categórico ao afirmar que precisa da informação naquele momento, pois não poderá ligar noutro horário.
A advogada então orienta-o a comparecer pessoalmente à sede do escritório, para tratar dos seus processos.
Nova recusa do cliente, que afirma ser impossível fazer uma visita aos advogados.
Bete então, coberta de razão, se insurge contra tamanho “desinteresse” e inicia verdadeiro sermão, de que ele é a parte mais interessada, que deve acompanhar o andamento dos processos, que precisa sim comparecer ao escritório porque o advogado não atua sem ajuda da parte, que é dever desta fornecer todos os documentos necessários a sua defesa em juízo......
Do outro lado da linha, o cliente finalmente se justifica: ô dra... não é que eu não queira... é que eu não posso... eu estou preso... e os guardas só me deixam usar o telefone neste horário...
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Em homenagem ao amigo Gaúcho que agora se aventura a advogar em terras baianas e que tanto gostou desta historinha...
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Frangão
Pedindo o almoço, já em adiantada hora, desesperados de fome, o Dr. Arnaldo e eu decidimos ligar para um restaurante desconhecido da cidade, e nos arriscar pedindo o delivery de um FRANGÃO na brasa.
Ao informar as iniciais do prédio para a atendente, o Dr. Inicia assim a soletração:
A de amor
B de bola
C de casa
D de dado e
A de Silvana
A atendente, do outro lado da linha, provavelmente surpresa, questionou: A de Silvana??? Como assim???
Ao que teve como resposta: se vc tirar o A de Silvana, não existe Silvana!
Ao informar as iniciais do prédio para a atendente, o Dr. Inicia assim a soletração:
A de amor
B de bola
C de casa
D de dado e
A de Silvana
A atendente, do outro lado da linha, provavelmente surpresa, questionou: A de Silvana??? Como assim???
Ao que teve como resposta: se vc tirar o A de Silvana, não existe Silvana!
terça-feira, 22 de abril de 2008
Pitadas de Direito
Pessoal, como eu disse no início, este blog não se restringe ao universo jurídico. Mas, de vez em quando, terei a urgência em dividir meus conhecimentos nesta área com vocês.
Ontem, à beira da piscina, enquanto degustava uns acarajés com coca-cola, a conversa amena entre primas foi substituída por especulações, interjeições e perplexidade. Falávamos do caso Isabella.
O casal, pai e madrasta, havia dado entrevista transmitida em rede nacional e novos elementos da investigação policial foram divulgados, então é quase irresistível discutir o assunto.
As pessoas leigas - é como chamamos aqueles que gravitam em paralelo a nosso universo jurídico - não se conformam com a ausência de uma confissão. E, mais ainda, com a ausência da verdade nos depoimentos dos acusados.
Pois bem....
Meus caros, por mais estranho que lhes pareça, a confissão é, para o Direito Penal e Processo Penal modernos, o que menos importa. Até pelo fato de, algumas vezes, ser arrancada de forma pouco ortodoxa em Delegacias. E há ainda aqueles que confessam por medo do verdadeiro criminoso, ou ainda por amor a este.
Então, mais importante que o acusado DIZER que cometeu o crime, é PROVAR que ele o fez.
Graças a técnicas de investigação, exames e equipamentos de última geração, aquilo que assistimos em seriados americanos se mostra eficaz em casos como este que acompanhamos, da menina Isabella. Mesmo tendo sido lavados, tecidos que contêm vestígios de sangue servem como prova, a própria vítima conta o que lhe foi feito, já dizia minha brilhante professora de Medicina Legal, Dra. Teresa. E os peritos vão montando o quebra-cabeça até a última peça se encaixar.
Não esperem uma confissão, ela não virá neste caso. Isto porque os acusados em questão vêm sendo orientados, de maneira meticulosa, pelos seus advogados.
O que não os impede de cometer erros, como "esquecer" que pessoas muito "família" estariam abraçados ou de mãos dadas ao dar aquela entrevista, demonstrando a harmonia que se desejava transmitir. É que advogado até faz milagre... mas não transforma latão em ouro.
Outro esclarecimento: aquele que é acusado de um crime NÃO está obrigado a dizer a verdade. Por mais revoltante que lhes pareça, principalmente diante de um caso como este, somente quem presta compromisso são as testemunhas. Acusado, indiciado, réu pode mentir à vontade. Tentar se safar, não produzir provas que lhe prejudiquem.
Exatamente por isso é que eles não estão obrigados, também, a participarem da reconstituição que deve acontecer nos próximos dias. Podem ser conduzidos ao local pela Polícia, e lá simplesmente acompanhar os trabalhos, sem ajudar a elucidar o que quer que seja.
Espero, diante dos esclarecimentos, lançar um pouco de luz sobre este caso tão sombrio e que tanto machuca a classe média que nele se vê representada. Sem esquecer que, desde Isabella, outras crianças com certeza foram vitimadas por aqueles em quem mais confiavam, não só neste país, como também mundo afora.
Ontem, à beira da piscina, enquanto degustava uns acarajés com coca-cola, a conversa amena entre primas foi substituída por especulações, interjeições e perplexidade. Falávamos do caso Isabella.
O casal, pai e madrasta, havia dado entrevista transmitida em rede nacional e novos elementos da investigação policial foram divulgados, então é quase irresistível discutir o assunto.
As pessoas leigas - é como chamamos aqueles que gravitam em paralelo a nosso universo jurídico - não se conformam com a ausência de uma confissão. E, mais ainda, com a ausência da verdade nos depoimentos dos acusados.
Pois bem....
Meus caros, por mais estranho que lhes pareça, a confissão é, para o Direito Penal e Processo Penal modernos, o que menos importa. Até pelo fato de, algumas vezes, ser arrancada de forma pouco ortodoxa em Delegacias. E há ainda aqueles que confessam por medo do verdadeiro criminoso, ou ainda por amor a este.
Então, mais importante que o acusado DIZER que cometeu o crime, é PROVAR que ele o fez.
Graças a técnicas de investigação, exames e equipamentos de última geração, aquilo que assistimos em seriados americanos se mostra eficaz em casos como este que acompanhamos, da menina Isabella. Mesmo tendo sido lavados, tecidos que contêm vestígios de sangue servem como prova, a própria vítima conta o que lhe foi feito, já dizia minha brilhante professora de Medicina Legal, Dra. Teresa. E os peritos vão montando o quebra-cabeça até a última peça se encaixar.
Não esperem uma confissão, ela não virá neste caso. Isto porque os acusados em questão vêm sendo orientados, de maneira meticulosa, pelos seus advogados.
O que não os impede de cometer erros, como "esquecer" que pessoas muito "família" estariam abraçados ou de mãos dadas ao dar aquela entrevista, demonstrando a harmonia que se desejava transmitir. É que advogado até faz milagre... mas não transforma latão em ouro.
Outro esclarecimento: aquele que é acusado de um crime NÃO está obrigado a dizer a verdade. Por mais revoltante que lhes pareça, principalmente diante de um caso como este, somente quem presta compromisso são as testemunhas. Acusado, indiciado, réu pode mentir à vontade. Tentar se safar, não produzir provas que lhe prejudiquem.
Exatamente por isso é que eles não estão obrigados, também, a participarem da reconstituição que deve acontecer nos próximos dias. Podem ser conduzidos ao local pela Polícia, e lá simplesmente acompanhar os trabalhos, sem ajudar a elucidar o que quer que seja.
Espero, diante dos esclarecimentos, lançar um pouco de luz sobre este caso tão sombrio e que tanto machuca a classe média que nele se vê representada. Sem esquecer que, desde Isabella, outras crianças com certeza foram vitimadas por aqueles em quem mais confiavam, não só neste país, como também mundo afora.
domingo, 20 de abril de 2008
Domingo
Eu amo domingo.
Pelo menos até me dar conta de que ele está chegando ao fim e que mais uma semana de cinco dias está para começar...
Domingo é o único dia da semana em que é possível, pelo menos para mim, preparar e degustar um café da manhã delicioso, com ovos, cuscuz, pão quentinho, café com leite, suco... Além, é claro, da regalia de poder fazê-lo na cama, enquanto leio as notícias do A Tarde. Ah, e tem também a presença da família, todos relaxados, simplesmente desfrutando do domingo...
É dia de acordar tarde, espreguiçar na cama e sorrir, porque é DOMINGO.
Não há absolutamente NADA a fazer, não há pressa. O dia começa e termina da mesma forma: sem compromissos, horários ou responsabilidades.
Faço o que me dá na telha: levo os cachorros para um passeio, durmo o dia inteiro, assisto tv, um filme, preparo um drinque, simplesmente passeio pela internet, vendo todas as besteiras que durante a semana não dá pra ver, ou nada disso!
Ah, como é bom...
Claro que nem todos os dias de domingo são iguais, alguns vêm sim com algum compromisso familiar ou mesmo aniversário de um amigo, mas isso não lhe tira a peculiaridade, domingo é o MEU dia.
Pelo menos até me dar conta de que ele está chegando ao fim e que mais uma semana de cinco dias está para começar...
Domingo é o único dia da semana em que é possível, pelo menos para mim, preparar e degustar um café da manhã delicioso, com ovos, cuscuz, pão quentinho, café com leite, suco... Além, é claro, da regalia de poder fazê-lo na cama, enquanto leio as notícias do A Tarde. Ah, e tem também a presença da família, todos relaxados, simplesmente desfrutando do domingo...
É dia de acordar tarde, espreguiçar na cama e sorrir, porque é DOMINGO.
Não há absolutamente NADA a fazer, não há pressa. O dia começa e termina da mesma forma: sem compromissos, horários ou responsabilidades.
Faço o que me dá na telha: levo os cachorros para um passeio, durmo o dia inteiro, assisto tv, um filme, preparo um drinque, simplesmente passeio pela internet, vendo todas as besteiras que durante a semana não dá pra ver, ou nada disso!
Ah, como é bom...
Claro que nem todos os dias de domingo são iguais, alguns vêm sim com algum compromisso familiar ou mesmo aniversário de um amigo, mas isso não lhe tira a peculiaridade, domingo é o MEU dia.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Amizade
Há dias venho lutando para colocar pensamentos e sentimentos a respeito de amizade neste blog. Confesso que, se fosse fácil, não teria a menor graça, como tudo na vida. Mas é algo sobre o que PRECISO escrever, em razão de acontecimentos recentes.
Costumo dizer que quem perdeu familiares próximos enquanto criança tem maior facilidade em aceitar que pessoas vêm e vão. Que essas perdas fazem parte de nossa experiência de vida como um todo e nos ajudam a crescer emocionalmente.
Existem indivíduos que não sabem como lidar com este tipo de perda, os vemos em manchetes de jornal: José matou Maria, sua ex namorada, porque ela não aceitou reatar o namoro. Ou: homem planeja assassinato de ex sócio porque este decidiu pôr fim à sociedade.
Jamais irei entender o que lhes move. Porque perder faz parte do jogo da vida.
Entendam, não estou aqui fazendo apologia a ser um perdedor, a desistir de lutar. Isso, jamais. Mas acredito que há várias maneiras de nos recuperarmos deste tipo de perda.
Viajar é uma boa opção, para aqueles poucos que têm tempo e dinheiro de sobra.
Meditar é também uma alternativa. Refletir sobre os fatos que desencadearam a separação, mas isso somente tem validade se você puder separar emoção e razão, um mínimo que seja, para reconhecer também os seus próprios erros, assumir a culpa pelas bobagens ditas e guardar para si aqueles tantos momentos vividos que valem a pena ser lembrados. O difícil aqui é justamente ter este desprendimento. A maioria não tem.
E, como somos humanos, outra saída é dar vazão aos sentimentos, seja dando aquele telefonema histérico, do qual você se arrepende no segundo em que desliga, seja desabafando todo o ressentimento com amigos próximos, seja gritando bem alto, sozinho, em casa, todas aquelas frases e palavras impublicáveis.
Como eu disse, existem várias formas de lidar com perdas. Listei apenas algumas delas.
A primeira vez que tenho a lembrança de ter vivenciado uma situação semelhante à atual, foi aos 14 anos. Lembro-me exatamente da conclusão à qual cheguei, após desabafar e meditar: iria extirpar aquelas pessoas do meu convívio social porque havia concluído que sua amizade não me era benéfica, não condizia com o meu juízo do que é ser amigo. E assim toquei a vida, esquecendo-me por completo daquelas pessoas, a ponto de cruzar com elas num elevador e sequer reconhecer-lhes as feições.
Estranho mas verdade. Defeito ou qualidade, eu sou assim.
Agora, muitos anos depois, vivo situação semelhante. Acabo de perder dois amigos, da mesma maneira. Dessa vez tudo um pouco mais trágico e com toques da era moderna: com direito a e-mail raivoso, rancoroso, péssimo. Palavras escritas, para não haver dúvida de seu conteúdo.
Mais uma vez, me recolho e repenso, revivo cada momento com aquelas pessoas, e chego à mesma conclusão: elas simplesmente não valem a pena. Não partilham do mesmo conceito de amizade que eu. E, se é assim, então ADEUS.
Eu de cá continuo a afirmar que, para quem como eu, perdeu alguém querido tão cedo, perder pseudo amigos não significa nada, tão somente uma página virada.
Aos meus verdadeiros e fiéis amigos, àqueles que conhecem meu coração, sabem o que vai cá dentro na minha alma, o meu eterno e profundo amor. Vocês sim, merecem todo e qualquer sacrifício, lágrimas e riso, aqui ou em qualquer outro lugar, são parte de mim.
Costumo dizer que quem perdeu familiares próximos enquanto criança tem maior facilidade em aceitar que pessoas vêm e vão. Que essas perdas fazem parte de nossa experiência de vida como um todo e nos ajudam a crescer emocionalmente.
Existem indivíduos que não sabem como lidar com este tipo de perda, os vemos em manchetes de jornal: José matou Maria, sua ex namorada, porque ela não aceitou reatar o namoro. Ou: homem planeja assassinato de ex sócio porque este decidiu pôr fim à sociedade.
Jamais irei entender o que lhes move. Porque perder faz parte do jogo da vida.
Entendam, não estou aqui fazendo apologia a ser um perdedor, a desistir de lutar. Isso, jamais. Mas acredito que há várias maneiras de nos recuperarmos deste tipo de perda.
Viajar é uma boa opção, para aqueles poucos que têm tempo e dinheiro de sobra.
Meditar é também uma alternativa. Refletir sobre os fatos que desencadearam a separação, mas isso somente tem validade se você puder separar emoção e razão, um mínimo que seja, para reconhecer também os seus próprios erros, assumir a culpa pelas bobagens ditas e guardar para si aqueles tantos momentos vividos que valem a pena ser lembrados. O difícil aqui é justamente ter este desprendimento. A maioria não tem.
E, como somos humanos, outra saída é dar vazão aos sentimentos, seja dando aquele telefonema histérico, do qual você se arrepende no segundo em que desliga, seja desabafando todo o ressentimento com amigos próximos, seja gritando bem alto, sozinho, em casa, todas aquelas frases e palavras impublicáveis.
Como eu disse, existem várias formas de lidar com perdas. Listei apenas algumas delas.
A primeira vez que tenho a lembrança de ter vivenciado uma situação semelhante à atual, foi aos 14 anos. Lembro-me exatamente da conclusão à qual cheguei, após desabafar e meditar: iria extirpar aquelas pessoas do meu convívio social porque havia concluído que sua amizade não me era benéfica, não condizia com o meu juízo do que é ser amigo. E assim toquei a vida, esquecendo-me por completo daquelas pessoas, a ponto de cruzar com elas num elevador e sequer reconhecer-lhes as feições.
Estranho mas verdade. Defeito ou qualidade, eu sou assim.
Agora, muitos anos depois, vivo situação semelhante. Acabo de perder dois amigos, da mesma maneira. Dessa vez tudo um pouco mais trágico e com toques da era moderna: com direito a e-mail raivoso, rancoroso, péssimo. Palavras escritas, para não haver dúvida de seu conteúdo.
Mais uma vez, me recolho e repenso, revivo cada momento com aquelas pessoas, e chego à mesma conclusão: elas simplesmente não valem a pena. Não partilham do mesmo conceito de amizade que eu. E, se é assim, então ADEUS.
Eu de cá continuo a afirmar que, para quem como eu, perdeu alguém querido tão cedo, perder pseudo amigos não significa nada, tão somente uma página virada.
Aos meus verdadeiros e fiéis amigos, àqueles que conhecem meu coração, sabem o que vai cá dentro na minha alma, o meu eterno e profundo amor. Vocês sim, merecem todo e qualquer sacrifício, lágrimas e riso, aqui ou em qualquer outro lugar, são parte de mim.
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Primeiro
Olá todo mundo!
Meio difícil começar, mas cá estou eu... finalmente cedendo ao impulso de escrever sobre tudo e nada, coisas grandes e pequenas, específicas e genéricas.
O título do blog é uma referência a minha atividade profissional, o que não significa que o conteúdo dos meus escritos se limitarão à área jurídica.
Acredito que mais importante do que o que fazemos é quem somos e eu sou muito mais que um diploma empoeirado, um título na parede, ou qualquer dessas coisas.
A idéia é me expor, em opiniões, experiências, memórias. E, com alguma sorte, ter alguém interessado em ler o que escrevo, comentando e participando, se expondo, assim como eu.
Nas últimas semanas ligo a tv e só se fala num mesmo assunto: o assassinato da menina Isabella Nardoni. Acho até válido o esforço da mídia em não deixar que o assunto morra, pois morta já está a criança...
Mas, contudo, todavia, no entanto...
Detesto o ar de condenação antecipado, o espaço gratuito dado em horário nobre aos advogados dos suspeitos, a falta de sossego para que a polícia e a perícia consigam provar o que se passou ali aquela noite.
Sinceramente, não me surpreenderia se, ao final de tanto estardalhaço, a polícia apresentar uma acusação baseada em provas circunstanciais e, ao final de um longo e desgastante processo, os acusados sejam declarados inocentes por júri popular.
Meio difícil começar, mas cá estou eu... finalmente cedendo ao impulso de escrever sobre tudo e nada, coisas grandes e pequenas, específicas e genéricas.
O título do blog é uma referência a minha atividade profissional, o que não significa que o conteúdo dos meus escritos se limitarão à área jurídica.
Acredito que mais importante do que o que fazemos é quem somos e eu sou muito mais que um diploma empoeirado, um título na parede, ou qualquer dessas coisas.
A idéia é me expor, em opiniões, experiências, memórias. E, com alguma sorte, ter alguém interessado em ler o que escrevo, comentando e participando, se expondo, assim como eu.
Nas últimas semanas ligo a tv e só se fala num mesmo assunto: o assassinato da menina Isabella Nardoni. Acho até válido o esforço da mídia em não deixar que o assunto morra, pois morta já está a criança...
Mas, contudo, todavia, no entanto...
Detesto o ar de condenação antecipado, o espaço gratuito dado em horário nobre aos advogados dos suspeitos, a falta de sossego para que a polícia e a perícia consigam provar o que se passou ali aquela noite.
Sinceramente, não me surpreenderia se, ao final de tanto estardalhaço, a polícia apresentar uma acusação baseada em provas circunstanciais e, ao final de um longo e desgastante processo, os acusados sejam declarados inocentes por júri popular.
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