sexta-feira, 18 de abril de 2008

Amizade

Há dias venho lutando para colocar pensamentos e sentimentos a respeito de amizade neste blog. Confesso que, se fosse fácil, não teria a menor graça, como tudo na vida. Mas é algo sobre o que PRECISO escrever, em razão de acontecimentos recentes.
Costumo dizer que quem perdeu familiares próximos enquanto criança tem maior facilidade em aceitar que pessoas vêm e vão. Que essas perdas fazem parte de nossa experiência de vida como um todo e nos ajudam a crescer emocionalmente.
Existem indivíduos que não sabem como lidar com este tipo de perda, os vemos em manchetes de jornal: José matou Maria, sua ex namorada, porque ela não aceitou reatar o namoro. Ou: homem planeja assassinato de ex sócio porque este decidiu pôr fim à sociedade.
Jamais irei entender o que lhes move. Porque perder faz parte do jogo da vida.
Entendam, não estou aqui fazendo apologia a ser um perdedor, a desistir de lutar. Isso, jamais. Mas acredito que há várias maneiras de nos recuperarmos deste tipo de perda.
Viajar é uma boa opção, para aqueles poucos que têm tempo e dinheiro de sobra.
Meditar é também uma alternativa. Refletir sobre os fatos que desencadearam a separação, mas isso somente tem validade se você puder separar emoção e razão, um mínimo que seja, para reconhecer também os seus próprios erros, assumir a culpa pelas bobagens ditas e guardar para si aqueles tantos momentos vividos que valem a pena ser lembrados. O difícil aqui é justamente ter este desprendimento. A maioria não tem.
E, como somos humanos, outra saída é dar vazão aos sentimentos, seja dando aquele telefonema histérico, do qual você se arrepende no segundo em que desliga, seja desabafando todo o ressentimento com amigos próximos, seja gritando bem alto, sozinho, em casa, todas aquelas frases e palavras impublicáveis.
Como eu disse, existem várias formas de lidar com perdas. Listei apenas algumas delas.
A primeira vez que tenho a lembrança de ter vivenciado uma situação semelhante à atual, foi aos 14 anos. Lembro-me exatamente da conclusão à qual cheguei, após desabafar e meditar: iria extirpar aquelas pessoas do meu convívio social porque havia concluído que sua amizade não me era benéfica, não condizia com o meu juízo do que é ser amigo. E assim toquei a vida, esquecendo-me por completo daquelas pessoas, a ponto de cruzar com elas num elevador e sequer reconhecer-lhes as feições.
Estranho mas verdade. Defeito ou qualidade, eu sou assim.
Agora, muitos anos depois, vivo situação semelhante. Acabo de perder dois amigos, da mesma maneira. Dessa vez tudo um pouco mais trágico e com toques da era moderna: com direito a e-mail raivoso, rancoroso, péssimo. Palavras escritas, para não haver dúvida de seu conteúdo.
Mais uma vez, me recolho e repenso, revivo cada momento com aquelas pessoas, e chego à mesma conclusão: elas simplesmente não valem a pena. Não partilham do mesmo conceito de amizade que eu. E, se é assim, então ADEUS.
Eu de cá continuo a afirmar que, para quem como eu, perdeu alguém querido tão cedo, perder pseudo amigos não significa nada, tão somente uma página virada.
Aos meus verdadeiros e fiéis amigos, àqueles que conhecem meu coração, sabem o que vai cá dentro na minha alma, o meu eterno e profundo amor. Vocês sim, merecem todo e qualquer sacrifício, lágrimas e riso, aqui ou em qualquer outro lugar, são parte de mim.

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