segunda-feira, 28 de abril de 2008

Bete e o preso

Numa manhã de outono no escritório, sol a pino lá fora, bem típico de qualquer época do ano em Salvador, Bob, Fabíola e Bete trabalhavam normalmente.
Os demais colegas estavam em diligência externa, o que normalmente implica dizer que estava cada qual cuidando de seus processos no Fórum, Juizados e etc.
Meio dia, jurídico vazio, momento que Bete mais se dedica ao trabalho, pois considera o horário de almoço, tão sagrado para tantos, absolutamente dispensável.
De repente, o telefone toca. A recepcionista avisa que um cliente está na linha, ansioso por notícias a respeito de seus processos.
Bete então respira fundo, pois seu raciocínio já foi interrompido, e decide atender a ligação. Logo no início da conversa, a advogada identifica a necessidade de que o cliente volte a ligar quando os outros advogados retornarem do almoço, pois ele tem várias ações em curso, e somente assim seria possível informá-lo sobre a situação atualizada de cada uma.
O cliente então, responde que não será possível ligar mais tarde.
A dra. insiste, explica que no horário de almoço não pode, sequer, solicitar as pastas do cliente aos arquivistas, que estão almoçando.
Ainda assim, o cliente é categórico ao afirmar que precisa da informação naquele momento, pois não poderá ligar noutro horário.
A advogada então orienta-o a comparecer pessoalmente à sede do escritório, para tratar dos seus processos.
Nova recusa do cliente, que afirma ser impossível fazer uma visita aos advogados.
Bete então, coberta de razão, se insurge contra tamanho “desinteresse” e inicia verdadeiro sermão, de que ele é a parte mais interessada, que deve acompanhar o andamento dos processos, que precisa sim comparecer ao escritório porque o advogado não atua sem ajuda da parte, que é dever desta fornecer todos os documentos necessários a sua defesa em juízo......
Do outro lado da linha, o cliente finalmente se justifica: ô dra... não é que eu não queira... é que eu não posso... eu estou preso... e os guardas só me deixam usar o telefone neste horário...
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Em homenagem ao amigo Gaúcho que agora se aventura a advogar em terras baianas e que tanto gostou desta historinha...

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