domingo, 16 de novembro de 2008

Lei Maria da Penha – para homens


Acabo de assistir a matéria na TV, relatando um caso de violência doméstica no qual o agressor é a mulher. O erro gramatical é proposital, já que normalmente associamos atos violentos ao sexo masculino. Mas isso vem mudando gradualmente, tanto que as cadeias femininas também já sofrem com superlotação.

O caso concreto mostrado na reportagem trata de um empresário, que juntou diversas provas das ameaças e mesmo de danos materiais causados pela ex-mulher. Pneu de carro lascado, e-mails ameaçadores, telefonemas. Ele se incomodou a ponto de buscar orientação de um advogado e este, que não é bobo, aproveitou-se da situação para assegurar a paz de espírito ao cliente, com uma ordem que impede que a suposta agressora chegue a menos de 500m de seu cliente, ou mesmo entre em contato com ele. Por enquanto, através de Medida Cautelar (sem caráter definitivo).

O incrível não é o objeto da Ação, pois tenho absoluta tranqüilidade em afirmar que não é o primeiro processo que trata de violência doméstica contra homem. No entanto, o embasamento jurídico utilizado – a Lei Maria da Penha – é o que fez com que as atenções se voltassem ao caso.

A citada Lei traz em seu texto, expressamente, a palavra MULHER. Já no caput do art. 1˚, lemos: “Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.”

Os motivos de sua criação são conhecidos de todos, mesmo aqueles que não são tão íntimos assim dos Tribunais pátrios. Mulheres são vítimas, em pleno século XXI, com freqüência espantosa, dos mais variados meios de violência, e os principais agressores são justamente seus maridos, namorados, companheiros. Infelizmente, as corajosas que denunciavam as agressões se viam depois convivendo com um monstro maior ainda, sedento por sangue, após ter sido exposto à autoridade policial. Pouco era feito e o desfecho, na maioria desses casos, era a morte da vítima.

Então, esta nova Lei, que entrou em vigor no ano de 2006 recebeu um “nome” homenageando uma das mulheres vítima de violência doméstica, que hoje precisa de uma cadeira de rodas para se locomover, graças às duas tentativas de assassinato intentadas por seu ex-marido, que primeiro simulou um assalto e depois a eletrocutou. Provada a intelectualidade e autoria dos crimes, o monstro ficou apenas 02 anos preso. Depois, graças às benesses de nosso sistema, ele foi colocado em liberdade, livre para fazer novas vítimas país afora. Frise-se que se trata de um estrangeiro, que nem sequer pode ser expulso do país, também graças ao que rezam as Leis brasileiras.

Após esta pequena digressão, voltemos ao agredido, à vítima masculina. Percebam que até a palavra vítima é substantivo feminino, é como se nos caísse melhor esta definição, de agredida, sucumbida, rendida. Ver um homem nesta posição nos causa, de início, risos. Mas basta refletir alguns minutos, usar a sensibilidade feminina, para entender a posição deste pobre homem que, de tanto sofrer, buscou ajuda, como qualquer mulher vítima de violência doméstica.

Como jurista duvido apenas que seja realmente necessário lançar mão especificamente da Lei Maria da Penha para proteger este agredido. Acredito que temos meios legais suficientes para que um bom advogado consiga devolver a paz de espírito a seu cliente, mas não deixo de admirar a sagacidade do colega que conseguiu muito mais que uma Cautelar, ele chamou a nossa atenção para o fato de que tanto para homens quanto para mulheres ainda falta um longo caminho a ser percorrido, até sabermos o verdadeiro significado do RESPEITO AO SEMELHANTE.

domingo, 9 de novembro de 2008

Novas regras para Call Centers

Esta semana precisei utilizar os serviços de call center da Oi, American Express, TAM e Sky. Em que pese tratar-se de empresas muito diferentes em tamanho e área de atuação, uma coisa todas têm em comum: a central de atendimento por telefone frustra qualquer consumidor.
Primeiro porque antes de conseguir um ser humano na linha, você “conversa” com uma máquina, tentando fazê-la entender sua necessidade, e a comunicação aqui nem sempre é das melhores. Tenho certeza de que muitos se identificaram com o comercial de cerveja, no qual um pobre coitado tenta comprar seu bilhete para Bauru e termina com a emissão de passagem para Cocha bamba. Me senti assim também.
E o pior não é somente a URA (unidade de resposta audível), mas principalmente os “robôs” operadores de call center. Não é incomum que dêem informações erradas, desencontradas ou mesmo demonstrem impaciência diante dos questionamentos do consumidor. Não vou nem mencionar o amor incondicional destes profissionais ao gerúndio... Queria saber quem os ensina a dizer: estarei enviando, estarei transferindo, estarei aguardando, estarei confirmando. Irritante é pouco.
Bom, na Oi após diversas ligações para a central de atendimento do Oi fixo, Oi velox, Oi conta total e mais outros quatrocentos produtos diferentes, após árdua discussão com a URA, diversas ligações interrompidas, linha caída e etc, nada se resolveu. Queríamos contestar uma cobrança indevida de assinatura, mas até agora está no 5 x 0 para a Oi.
No American Express, para transferir a pontuação do membership rewards foi um sufoco, a ligação foi passada de um atendente a outro, todos tentando nos dissuadir a não transferir nossos pontos para o programa de milhagem da TAM. Os argumentos eram os mais diversos, e esdrúxulos possíveis. Enfim, transferência feita e R$ 36,00 cobrados por cada transferência (informação que até então desconhecíamos, apesar de clientes há quase 15 anos).
Na TAM além do sotaque de superioridade paulistano, tive que fazer um esforço sobre-humano para ajustar o meu raciocínio ao da ilustre atendente, que insistia em repetir que para adquirir bilhete com pontuação do cartão fidelidade TAM eu tenho um prazo mínimo de 3 meses e máximo de 7 dias. Não seria o contrário? Posso reservar os bilhetes com antecedência máxima de 3 meses da data da viagem, e mínimo de 7 dias? A criatura repetia que não. Ah ta, então se o máximo são 7 dias, então poderia pedir o bilhete a 3 dias da viagem? Nããão... Respondia ela, impaciente. Enfim cedi e desliguei o telefone, certa de que, mesmo com nova Lei e regras, o atendimento em si continuará sendo o mesmo que vem sendo prestado por estes robôs.
Por fim, sábado à noite, eu e meu Amor decidimos usar os pontos da Sky para ver um filme pay per view. Tela do site aberto, opções e não conseguíamos adquirir o filme com nossos zigs (moeda oficial do planeta Sky). Ele então liga para o atendimento e a atendente simplesmente dá a informação de que não tem nenhum filme do cine Sky disponível para compra com zigs. Muita conversa e suspiros depois, ela se informa com um supervisor e volta à linha dizendo que o filme será liberado de graça. Quem entende?!
As empresas terão até dezembro para adaptar o atendimento às novas regras. O que muda é assunto para um outro post... confesso que depois desta overdose estou reticente quanto a mudanças efetivas para melhorar o atendimento e respeito ao consumidor.

domingo, 2 de novembro de 2008

Homenagem ao Menino Que Voa

Costumo dizer que o tempo e acontecimentos fazem aumentar ou diminuir o amor que sentimos. Nos aproximamos de quem nos cativa, assim como nos afastamos daqueles que nos são indiferentes, ou nos machucam com atitudes e palavras.
Algumas pessoas passaram por minha vida e deixaram marcas profundas, momentos felizes os quais levarei comigo por toda a existência. E se somos seres eternos, como dizem, então esse sentimento que nutro por tantas pessoas (e cachorros), somente farão de mim alguém melhor ao longo de minha jornada.
Mas não vou negar que também existem pessoas as quais já amei mais, quando idealizava que não tinham defeitos, apenas amor em seus corações. Quando acreditava serem justas, sinceras, humildes. Isso foi há muito tempo.
Cresci, aprendi, vivi, errei e continuo errando, mas sempre tentando acertar, dar o melhor de mim. E, dentre meus erros, pode ser que esteja o de me dedicar somente àqueles que considero merecedores, como minha mãe. Com todos os seus defeitos sei que seu amor por mim é incondicional, assim como o meu por ela (mesmo que por milésimos de segundos ela chegue a duvidar dessa recíproca... coisa de mãe!).
Voltando ao assunto deste post... hoje quero homenagear um grande amigo, uma pessoa que a cada ano conquista mais um pouco de mim, da minha amizade e admiração. É aniversário do Menino Que Voa, e há poucos dias conversávamos sobre o início de nossa amizade...
Foi há 12 anos, ele estava se formando, vivendo o que eu somente experimentaria 05 anos depois, a sensação de dever cumprido e a pergunta: e agora? Ele começava a lutar por seu espaço no louco mercado de trabalho de Salvador, ainda despreparado para os formandos da primeira turma da FACS em RP, e eu fazia cursinho no Oficina. Saímos, logo depois de nos conhecermos, era a nossa primeira vez num restaurante japonês. De tão assustados, comemos o que de pior se pode comer num restaurante japonês: batata. Hilário. Até que, já no final da noite, buscando alento para nossa fome, resolvemos experimentar um filé, o que foi uma agradável surpresa. Não nos arriscamos com os pauzinhos, somente aprendemos como lidar com eles algum tempo depois, afinal, ele escorpiano e eu taurina com ascendente em escorpião, somos vaidosos demais para demonstrar em público a falta de familiaridade com algo tão banal quanto um par de hashi.
A amizade se consolidou quando ele e eu ficamos novamente solteiros e caímos na balada... nos redescobrimos, vimos que daquele momento em diante nenhum outro relacionamento ou ciúme de nossos parceiros seria capaz de se sobrepor à nossa amizade. Vivemos momentos de verdadeiro “grude”, nos víamos quase todos os dias e os telefonemas se multiplicavam. Com as facilidades da internet as contas de telefone diminuíram, ufa!
Até porque... hoje precisamos de no mínimo um DDD para nos falarmos por telefone, ou mesmo de um DDI às vezes, já que atualmente ele “mora” mais fora que no Brasil. Não estou esquecendo do Skype, mas é que ainda prefiro a criação de Gran Bell.
Quando ele me disse que havia decidido viver sua vida nas alturas, depois de cansado da exploração e falta de espaço no mercado baiano, tinha certeza de que daria certo. Ele havia amadurecido, tomado algumas pancadas e aprendido com a vida a levar certas coisas mais a sério. Dentre elas, a enxergar os verdadeiros amigos, e diferenciá-los dos meros “conhecidos”.
Então ele voou... primeiro para Sampa, onde passou pela fase de adaptação sem reclamar, sem jamais ligar se dizendo arrependido. Deve ter sido duro, mas todo o tempo ele demonstrava a certeza de que estava no caminho certo, a tranqüilidade de quem sabe o que quer. Pois bem... apenas alguns meses depois ele já estava inaugurando sua nova vida, com a “síndrome da enceradeira”, como tinha que ser. Claro que nenhuma caminhada é feita sem altos e baixos, pedras e buracos. Sem isso, qual seria a graça?
O mais importante é que, mesmo depois de tanto tempo “longe”, com CEP de outro estado, dormindo e acordando em outros países, ele ainda dá um jeitinho de se fazer presente, sempre que pode estar com os amigos, manter nossa amizade, nutrir o amor e admiração que sinto.
É claro que hoje ele tem toda uma vida em São Paulo, é meio paulista meio baiano, como gosta de dizer, e vem muito menos a Salvador que antes. Ainda assim, sempre que pode dá um jeito de aparecer para comemorar aniversário, formatura, e o que mais aparecer.
Por isso é que este amigo/irmão merece todo carinho que nutro por ele, porque sabe como ninguém como cativar amizades e cultivá-las.
Parabéns, meu amigo! Continue sua jornada nos ares com competência e serenidade, trilhando seu caminho, criando seu espaço, realizando suas conquistas.

domingo, 28 de setembro de 2008

A oncinha do Tokai



Olááá, pessoal! Quanto tempo?!
Andei ocupada, em mais uma mudança na minha vida, mas isso é assunto para um outro post... ou vários outros!
O assunto hoje é: Domingão, eu e meu Amor resolvemos começar a tarde dando uma volta pelo shopping e antes das compras, decidimos esperar as lojas abrirem batendo papo e saboreando o Menu Degustação do Tokai.
Para aqueles que ainda não sabem, eu adoro comidinha japonesa inventada por brasileiros. Todas as variações dos sushis, sashimis, hot rolls e etc.
Então lá estávamos os dois, casal apaixonado, jogando conversa fora, falando da vida, dos amigos, do trabalho, das viagens... Curtindo nosso domingo num restaurante tranqüilo apesar de cheio, e iniciando nossa degustação de sushis.
Bom, quem me conhece sabe que eu tenho esse defeito/qualidade de possuir um radar e prestar atenção a todos os demais seres humanos próximos, adoro estudá-los, analisá-los, admirá-los. Vejo o casal de velhinhos da mesa ao lado, ela animadíssima comendo um prato de yakissoba, enquanto o marido a olha com olhar pouco animado. O pai divorciado que leva a filha adolescente para comer peixe cru e passa todo o tempo ao celular com a namorada que ainda não assumiu para a família. O moço que saiu de casa para corajosamente almoçar sozinho, no shopping, num domingo.
Foi então que toda a minha atenção foi capturada por um ser com menos de 1,55cm, mais de 50 anos, cabelos tingidos de uma cor entre cinza e louro acobreado (vai entender as tinturas e seus efeitos...), barulhenta, falante, com um sotaque de algum estado nordestino, e a tirania digna de algum general do exército de Hitler. Ah, e a criatura trajava uma blusa semi transparente de oncinha.
Tudo começou quando ela insistiu que o garçom deveria mudar a posição das mesas do restaurante, de modo a comprometer a circulação, simplesmente porque a mesa maior oferecida, segundo ela, “estava muito pra fora” do restaurante. Iniciou-se então uma sucessão de episódios da mais pura falta de educação, todos devidamente registrados em minha memória (por um tempo mínimo, eu espero). Ao chamar o garçom ela fazia um barulho indescritível com a boca, algo parecido com “psiu psiu ei” e lá vinha o pobre sujeito para atendê-la, de cabeça baixa, mortificado. Em seguida, ela fazia uma descrição bem particular do prato que queria, algo assim: aquele salmon com arroz e verdura, ah, e aquele negócio por cima... e lá ia o infeliz decifrar que prato do cardápio correspondia àquela bizarra descrição. Ao terminar um prato (para minha infelicidade ela pediu vários...), a sujeita usava os dedos como faca, para colocar o restinho de comida no garfo, e em seguida lambia as pontas dos dedos. Visão do inferno. Ela até rebatizou o peixe de “tutra”, como ele já estava morto mesmo, não deve ter se importado. Não dá para descrever tão bem quanto eu gostaria, mas o pior era a maneira grosseira com que ela se dirigia a quem estava na mesa, aos funcionários do Tokai e até aos interlocutores ao telefone. Sujeitinha sem classe...
Mas, graças ao talento do sushiman do Tokai, a cada sushi degustado eu esquecia aquela aberração à minha frente, e me concentrava na explosão de sabores que cada peça tem. Finalizamos com uma sobremesa de banana, cream cheese e sorvete. Delícia.
E fomos felizes fazer nossas compras!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Olimpíadas em Pequim

Já começou a enorme expectativa sobre os Jogos Olímpicos deste ano. E sobre onde eles irão acontecer: China.
Não sei vocês mas eu notei que desta vez não foram veiculadas campanhas do tipo: ”Beba um zilhão de refrigerantes e ganhe uma passagem com acompanhante para as Olimpíadas!” Ou “Compre com o cartão X e concorra a ingressos para os principais eventos esportivos em Pequim!”.
E somente posso encontrar uma justificativa para tanto: ninguém se anima tanto quando o mega evento dos esportes irá ocorrer num dos últimos redutos do fracasso socialista. País onde dá medo ir porque quem mora lá é a todo momento intimidado pelo Governo. Em que pese o fascínio pela cultura, artes marciais, até pela sabedoria milenar, sabemos que toda ditadura é burra. E, sendo assim, quem se arrisca? Eu não.
É claro que minha visão preconceituosa é influenciada pelos filmes, autenticamente produzidos e filmados em Hollywood. Tem um com Richard Gere que, depois de uma noite de amor com uma moça oriental lindíssima, ele acorda sendo acusado de assassinato. É preso e condenado (julgamento pra que?), passa por maus bocados na prisão e... bom, não vou contar o final do filme, mas digo com toda certeza, não vale a pena arriscar.
E fico assistindo aos coitados que foram a Pequim por força do ofício, falando em Olimpíada Verde... Morro de rir. Porque a capital chinesa é um exemplo de burrice, do que fazem por aqui os Jeca Tatus, que defecam no próprio pomar. A poluição por lá já alcançou níveis críticos faz tempo, e os atletas que podem dar-se este luxo recusaram-se a respirar o ar inóspito de Pequim. Abdicaram às medalhas, em prol de sua saúde.
Os atletas que foram, tentam adaptar-se à culinária, o monóxido de carbono e os sanitários (ou ausência deles).
Da minha parte, acompanharei algumas competições torcendo pelo Brasil do meu sofá, no conforto de minha casa, onde o chinês mais próximo é um bom rolinho primavera ou frango xadrez.
O vídeo abaixo explica, de forma bem humorada e sarcástica (bem à moda O Menino Que Voa)a inspiração para o símbolo dos Jogos Olímpicos em Beijing.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fraldinha & Meinha


Desculpem-me mas não resisti. Tinha que ser este o título do post.
No último fim de semana presenciei um momento muito especial na vida de um casal de amigos. Eles firmaram compromisso, papel passado e tudo, de ficar juntos. O que mais me agrada nisso é que eles vivem uma típica história de amor moderna: um não precisa do outro. Um quer o outro. Um escolheu o outro.
E isso para mim é o que melhor define minha geração. Claro que por aí ainda perambulam Rapunzels e Cinderelas (pobres coitadas), uma com os cabelos imensos, para agüentar o peso do príncipe encantado, a outra com os pés deformados pelos sapatinhos de cristal, única forma de ser reconhecida pelo seu futuro eterno amor... Nossa, chego a sentir arrepios de repulsa!
A imensa maioria, no entanto, já se deu conta de que o gostoso é ter realidade, dia a dia, cotidiano como o descrito por Chico: “todo dia ela faz tudo sempre igual...”. Bom, nem tudo, senão vira monotonia. Então cada casal cria sua rotina, com suas peculiaridades – como Fraldinha e Meinha – e assim vão vivendo, felizes.
Por quanto tempo? Quem liga pra isso?! O legal é justamente saber que, como dito lá no início, cada um está com o outro porque QUER. Não porque depende financeiramente, não porque sem o outro se joga do décimo andar. Porque é gostoso, porque se curtem, têm afinidades, diferenças, amor, brigas e no final fazem as pazes. E que delícia fazer as partes depois de uma birra!
Amor hoje é isso, cumplicidade, parceria. As famílias não tem “chefe”, tem um casal, que contribui para o bem estar comum, seja com ambos sendo devorados pelo mercado de trabalho, seja com um trabalhando e o outro dando duro em casa. Temos a liberdade de escolher e isso é fantástico.
Não acredito que a mulher precise ser workaholic para ser valorizada, basta que ela seja inteligente, bem humorada, tenha auto-estima para gostar mais de si do que de um casamento fracassado.
Assim como não basta o homem ter um contracheque para “mandar” na casa. Afinal, quem decide como gastar o dinheiro são as mulheres... Então cabe a eles hoje ter também o nosso jogo de cintura, o jeito manso de falar com voz rouca quando quer convencer o outro a comprar algo mega supérfluo mas indiscutivelmente necessário.
Que maravilha! Viva a igualdade, desigualdade, diferenças, semelhanças entre homens e mulheres. E a liberdade de sermos o que quisermos, porque vivemos no século 21 e a liberdade de se permitir ser é maior que a obrigação em parecer o que não é.
Aos meus amigos, infinita felicidade, que Fraldinha e Meinha passem muitas noites juntos se amando!

domingo, 6 de julho de 2008

A Lei da Vida

A discussão continua sobre a Lei Seca. Aliás, este nome já transmite a idéia de uma Lei arbitrária, e que, portanto, “não deve pegar”. Como dito no blog anterior, discordo. Acredito que o batismo dado pela impressa já demonstra a maneira tendenciosa como este tema está sendo tratado. Os principais meios de comunicação continuam a fazer toda sorte de testes com o bafômetro. Outro dia pegaram três cidadãos e colocaram um para tomar cerveja, outro comeu sete bombons com licor, e outro bochechou com enxaguatório bucal. O resultado? O óbvio. Somente o que efetivamente consumiu a bebida alcoólica não passou no teste.
Surgiu ainda uma Ação judicial movida pela Associação de Bares e Restaurantes – pessoas obviamente mais interessadas no bem estar da população que em seus lucros com venda de bebidas alcoólicas – para declarar a inconstitucionalidade da Lei. Vejam a que ponto chega a referida Associação, ao tratar do assunto: “Além de instituir um clima de terror, experiências anteriores em outros países de proibições extremas demonstram que as conseqüências são desastrosas, como foi o caso da Lei Seca nos EUA, que ao invés de resolver o problema proposto, gerou efeitos colaterais terríveis para a sociedade, como o fortalecimento do crime organizado, aumento da violência e da corrupção.” ( Fonte: http://www.abrasel.com.br/index.php/atualidade/item/4421/ )
Caríssimos, a mencionada Lei Seca americana vigorou por 14 anos, após aprovação de Emenda Constitucional, e determinava a proibição das bebidas alcoólicas de forma ampla. Tornou-se crime a fabricação, venda, transporte, importação e exportação de bebidas alcoólicas em toda a área dos Estados Unidos e dos territórios judicialmente submetidos a eles. Então a Abrasel que me desculpe, mas esta comparação mostra-se, além de absurda, de uma ignorância lamentável. Para não dizer que trata-se de evidente tentativa de manipulação na formação de opinião, o que seria criminoso quando o objetivo real da Lei é preservar a VIDA. Não está proibido o consumo de bebidas aos cidadãos brasileiros, o que se proibiu e com muita propriedade, é que o cidadão beba e dirija.
Seguindo em frente, vi uma reportagem com enólogos, tementes por seus empregos. Eles cheiram e saboreiam diversas amostras de vinho todos os dias, como parte de seu trabalho. Depois entram em seus carros e retornam às suas casas. Pois bem, feito o teste do bafômetro, inicialmente logo após um enólogo tão somente bochechar um vinho, sem ingerí-lo. Teor alcoolico de 0,2. Numa blitz, ele teria problemas. No entanto, poucos minutos depois, feito novamente o teste, novo resultado: 0,0. Conclusão: basta esperar alguns minutos após a última degustação, antes de pegar o volante.
Mas a matéria mais interessante foi com os profissionais da saúde. Os acidentes caíram consideravelmente nas duas últimas semanas, o que traz otimismo quanto à eficácia da nova Lei. Médicos e socorristas das ambulâncias comemoravam a redução de ocorrências. Então, por que não rebatizar a Lei para chamá-la de Lei da Vida?! Fica a minha sugestão.
Ontem à noite saboreei um delicioso salmão com molho de maracujá, regado por vinho tinto e muita conversa boa. Estava em casa, portanto não corria risco nenhum. Quem estava dirigindo não bebeu. E, para finalizar este post, em homenagem a minha amiga e seu noivo gaúcho, aqui está o vídeo mencionado em nossa conversa... Ele não atropelou ninguém! E atenção especial para o cofrinho...

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A Lei Seca no Brasil

No primeiro post eu disse que este blog não traria apenas textos sobre Direito, mas que, por ser esta minha atividade profissional, eventualmente temas jurídicos seriam aqui discutidos, pensados, refletidos.
Na faculdade estudamos muitos conceitos, mas ao longo da vida e com a experiência profissional adquirida, sinto-me à vontade para formular eu mesma a definição para algumas coisas. O Direito, para mim, é um reflexo da sociedade à qual ele serve. Nem toda Lei já criada pelos homens e seus Governos, se submetida a uma análise hoje, seria aceita pelos cidadãos. Basta fazermos uma incursão pela História, não precisamos ir muito longe, para perceber que: até o início do século passado as mulheres não tinham permissão para votar. Nos anos 60 negros tinham banheiros, bebedouros e assentos de ônibus separados dos brancos nos Estados Unidos. No Brasil, até 1977 casamentos eram indissolúveis. Isto para citar alguns exemplos.
Introduzo o assunto falando de Leis ultrapassadas, para demonstrar que Leis são normas que refletem as necessidades da sociedade.
Pois bem, atualmente, a combinação bebida e trânsito MATA. E, infelizmente – sem hipocrisia, nem sempre mata somente o inconseqüente que “só tomou duas cervejinhas”. Mata gente inocente que está num ponto de ônibus indo ou voltando do trabalho. Mata crianças que atravessavam a rua voltando da escola. Mata famílias inteiras que viajavam de férias noutro carro ou ônibus. MATA.
E, se o que temos de mais precioso é a vida, como não preservá-la? Pois é, o ser humano tem dessas... Ele se acha tão próximo e semelhante a Deus que quer agir como se fosse imune ao álcool. Daí sai de casa, bebe, bebe mais um pouco, pede a saideira, entra atrás do volante de um carro e MATA. Quando não MATA mas é pego numa blitz policial, fica irritado. Afronta o policial e berra que não está embriagado.
Entrou em vigor a Lei 11.705/08, que regulamenta e modifica alguns artigos do Código de Trânsito Brasileiro. Leiam, conheçam a Lei. Importante frisar aqui, para os leigos, que nenhum cidadão pode alegar que descumpriu uma Lei por desconhecê-la.
Tenho assistido várias reportagens desde que a Lei entrou em vigor, cada uma mais ridícula que a outra. Patético ver profissionais de renome do jornalismo nacional, comendo uma sobremesa de papaya com licor de cassis, somente para depois assoprar no bafômetro e mostrar que o equipamento acusa um nível de álcool elevado. Ou bochechando com enxaguantes bucais, ou comendo bombons de licor com a mesma finalidade.
VAMOS DEIXAR DE SER IMBECIS!
Quer beber? Dê uma festa em casa e convide os amigos. Quer beber num barzinho ou boate? Combine antes a volta com um amigo que não vai beber, ou chame um táxi! Melhor que MATAR.
Semana passada foi feriado de São João em todo o nordeste, a Bahia não é exceção. E, como sempre, em meio a vários acidentes, vários mortos. Nesta triste estatística, uma colega de trabalho, que morreu esmagada por um ônibus, quando voltava com a família das festas, em direção a Salvador. Morreram ela, um filho e uma cunhada. O marido e outro filho permanecem internados. O motivo do acidente? Adivinhem...
Confesso que escrevi este post com raiva, cheia de indignação, por sermos tão idiotas às vezes. Adoro o Brasil, os brasileiros, mas não me conformo com a pergunta: será que essa Lei “vai pegar”? Pergunta mais boba. As opções são simples: parar de beber e dirigir. Ou MATAR. Ou pior, morrer.
O vídeo é uma forma de amenizar as palavras duras e parabenizar o pinguço que preferiu a bicicleta ao carro...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pode acreditar... tá acontecendo

Há meses a população de Salvador vem sendo bombardeada por peças publicitárias da Prefeitura. São comerciais de TV, outdoors, placas gigantescas nas ruas. O responsável pela campanha, num relampejo de genialidade, escalou um grupo, que inicialmente entoava em ritmo de arrocha o seguinte hit:
“É obra que não acaba mais... e pode acreditar que ainda vem mais! Pode acreditar... tá acontecendo... o que você sonhou é a Prefeitura de Salvador!”
Com a chegada dos festejos juninos, tentaram mudar o ritmo e o grupo, desta vez aparecia um trio nordestino e em ritmo de forró entoava a mesma música. Não deu certo. Então voltou o grupo original, agora em ritmo de forró, com um novo hit:
“Tá ficando bom demais, tá ficando bom bom bom... “
Pela cidade foram espalhados outdoors que fazem menção à Guarda Municipal (que nenhum cidadão soteropolitano ainda viu nas ruas), o metrô (a obra mais demorada de todos os tempos e que ainda não está em funcionamento), o banho de luz (faltou água nesse banho... ops... o banho é de luz, mas que luz?), o banho de asfalto (hum... e esses buracos na cidade toda, todos fugiram do banho?!), o complexo viário Dois de Julho (por enquanto, um par de tratores revolvendo terra na rótula do Aeroporto de Salvador, que para absoluto desespero dos que ali trafegam diariamente, continua engarrafando que é uma beleza!) e muitos outros feitos épicos que somente a criatividade de um profissional da publicidade pode garimpar para trazer à tona.
E ainda com um slogan que “manda” a população acreditar, porque está acontecendo...
Não sou filiada a partido político algum, sou simplesmente mais uma eleitora que em outubro irei às urnas. E quando acredito que os maus políticos desse país atingiram o cúmulo da cara de pau, da desfaçatez, da usurpação do erário público... Que nada! Eles se superam e me surpreendem com sua capacidade em manipular, enganar, e ainda fazer alarde disso na TV, rádio, ruas da cidade.
O que “ta acontecendo” há quase quatro anos em Salvador é um acinte àqueles que votaram nos representantes que assumiram a administração da cidade. Salários dos servidores municipais atrasados, leite da merenda escolar apodrecendo em galpões, trânsito C A Ó T I C O, multas pipocando com radares que se multiplicaram pela cidade e agentes de trânsito despreparados, escolas e postos de saúde completamente abandonados, ruas sem iluminação pública, cheias de buracos, sujas, propícias aos freqüentes assaltos, enfim... pode acreditar, é isso que “tá" acontecendo.
Infelizmente, quando a população foi às urnas mais uma vez para eleger Governadores, Senadores e etc, ainda inebriada pelas “mudanças”, para mostrar ao grupo que antes dominava o pedaço a sua insatisfação, elegeu pai, irmão, cunhado e lá se foi a família inteirinha para mandatos de 4, 8 anos.
Hoje a decepção está estampada nos rostos, é explicitada nas conversas em cada esquina, em todas as camadas sociais, aqueles que votaram no atual Prefeito se dizem decepcionados e juram que, desta vez, votarão diferente.
Eu só posso rezar e esperar pelo melhor. Não confiei a ele o meu voto antes, e lamento a administração desastrosa que imperou em Salvador pelos últimos anos.
Este post foi criado a pedido de meu Amor, que também foi conquistado pelos jingles da Prefeitura...

domingo, 15 de junho de 2008

Eu, ele e as cadelas


Eu amo cachorro. Não posso ver um na rua que me dói o coração, tenho vontade de levar pra casa. É um sentimento maior que eu, não consigo controlar e existe desde sempre dentro de mim. Vejo fotos da minha infância, antes de saber falar eu já amava os cachorros. Meu primeiro cachorro foi Teize, ele era o terceiro filhote e eu, ao contar, por não saber falar TRÊS, o chamei de Teize. Assim ele foi batizado, o levamos para casa e em muitas fotos apareço com ele em cima do meu velotrol, dividindo um biscoito, abraçados e sorridentes. Sim, para mim cachorros sorriem tanto quanto seres humanos.
Uma vez eu e Teize estávamos brincando, correndo um atrás do outro e, por mais que minha mãe alertasse para o perigo, a brincadeira estava irresistivelmente gostosa, que só paramos quando aconteceu o esperado: eu corri mais que ele e, para não machucá-lo, caí de cara no chão. Ou melhor, de dente no chão. Meu dente da frente afundou um pouco e ficou verde, minha mãe chamava de dente do Hulk e eu jamais me arrependi de ter poupado Teize.
Muitos anos depois veio Fluffy, um poodle muito louco, como todos os poodles são... Estava em casa um dia, minha mãe chegou do trabalho com ele numa caixa de papelão. Acho que estava comendo um sanduíche, joguei pro alto e fiquei com aquela bolinha de pêlo, ainda um filhotinho, tão lindo, sem dentes, peludo... Ele foi o companheiro da minha adolescência. Mimado e genioso, conseguia tudo o que queria... Comia pouca ou quase nenhuma ração, adorava morango com chantilly... Resultado: com menos de cinco anos Fluffy teve uma catarata que o deixou cego. Claro que ele se movimentava com destreza pela casa, mas sair para passear se tornou algo que o amedrontava. Viajei para os Estados Unidos e, um mês antes de minha volta, minha mãe me ligou chorando pela primeira e única vez ao longo dos doze meses em que estive fora. Fluffy tinha morrido.
No final dos anos de faculdade, surgiram Burgha e Ash. Duas preciosidades, dois presentes em minha vida. Burgha é uma labrador preta, meiga e gulosa, linda. Pariu oito filhotes com minha ajuda e me possibilitou ver o que é a maternidade em sua forma mais pura. Quando eu ouvia dizer que as cadelas, ao parir, comem a placenta de onde tiram os filhotes, achava a coisa mais repugnante do mundo. Ao presenciar isso, me senti testemunha do milagre da vida. É lindo. Ash é uma weimaraner (isso mesmo, é uma raça alemã de cão de caça) dengosa e cheia de personalidade. Ash é minha parceira, meu bebê, minha alegria ao chegar em casa.
Não existe ser humano, por mais que te ame, que te receba todos os dias com carinho, devoção, felicidade. Burgha e Ash sempre que chego me encontram na porta com a maior cara de felicidade, rabos abanando, simplesmente porque cheguei. Isso ajuda a esquecer o dia estressante do trabalho, o trânsito infeliz de Salvador (assunto para outro post...), a discussão com o chefe, a dor de cabeça, enfim, torna a vida melhor.
Meu Amor se dedica a Burgha há quase três anos e é impressionante como, neste tempo, ela se tornou companheira inseparável dele, a interação entre eles é admirável. Eles têm brincadeiras um com o outro, com regras e tudo, que só eles dois conhecem. Têm códigos de convivência, ela não entra no banheiro, fica só da porta esperando ele sair do banho. Mas se vacilar, o sofá vira uma caminha onde ela se espalha e, quando é pega, sai de mansinho com cara de inocente...
Este post é a minha declaração de amor a essas duas cadelas, a minhas duas melhores amigas de quatro patas.
Claro que essa escolha não vem sem sacrifícios, quando viajamos é sempre um dilema "com quem vamos deixar as cadelas", mas o dia a dia com elas, a maneira como elas preenchem nossas vidas, as gargalhadas gostosas que nos proporcionam, valem a pena.
Uma vez fiz uma surpresa para meu Amor, era Dia dos Namorados e espalhei bombons com bilhetinhos pela casa, antes que ele chegasse do trabalho. Pois bem, quando ele chegou encontrou somente os bilhetinhos, porque os chocolates Burgha traçou... um por um.
Ash é tão inteligente, que caminha na rua como qualquer ser humano, numa pose que parece até estar de salto alto. Em casa ela manda em Ju, nossa assistente do lar. Ela fica em pé nas duas patas traseiras e abraça Ju com as patas da frente, faz isso todos os dias de manhã. Quando quer comer, ela avisa e depois de comer pede biscoitos caninos de sobremesa. Mas se ouvir qualquer barulho de fogos de artifício ou bombinhas de São João... ela fica enlouquecida, caminhando pela casa buscando um esconderijo.
Amo minhas duas amigas, que este ano completam oito anos e estão amadurecendo, chegando à terceira idade canina. Quero ter ainda muitos anos pela frente, com a companhia delas em nossas vidas.

sábado, 7 de junho de 2008

A luz de Gisele

Ontem foi o casamento de Gisele e seu Amor. Apesar de indicar, no convite, o horário de 20:15h, na Bahia existe uma cultura de ninguém ser pontual, então até os convidados se atrasam, imagine a noiva!
Como tudo foi organizado em pouquíssimo tempo, a cerimônia religiosa e a festa aconteceram no mesmo espaço, o que, cá entre nós, é bem mais confortável para os convidados. O deslocamento é um só, ficam todos sentados já confortavelmente bebericando enquanto esperam os noivos. Muito melhor que uma igreja quente, com todos suando horrores, bico seco, e o inconveniente de depois ter que iniciar uma peregrinação até o local da festa...
Acho que ficou meio óbvio minha aversão a este tipo de festa, detesto casamentos. O padre/pastor/bispo/pai de santo/ médium ou sei lá mais o que já há disponível hoje, com o mesmo discurso empoado, volta e meia errando no nome da noiva ou do noivo.
Não é exagero! Noutro casamento de uma grande amiga de infância o padre errou o nome dela TODAS as vezes durante a cerimônia, além de ter mencionado o segundo nome, que ela odeia. Imagine, pior é saber que pagaram para ele estar ali, “dando sua benção”...
Sem contradição alguma, adoro Bodas de Prata, Ouro, Diamante... Ali sim, há verdadeiramente um casamento a ser comemorado. Uma vida de idas e vindas, amor e desentendimento, mas prevalecendo aquele. As amigas de minha mãe estão nesta fase, assim como algumas tias. E compareço a essas festas com todo prazer do mundo, felicíssima em ver a família formada, com filhos, netos, bisnetos... O casal ainda disposto a demonstrações públicas de afeto, a valsar e tirar fotos sorrindo, reafirmando o amor que os uniu muitos anos atrás. LINDO.
Nas últimas semanas fui acometida de uma gripe sem fim, estou há dias sem dormir nem comer direito, agora na fase da tosse de cachorro. Mesmo assim, cheguei em casa, após um longo dia de trabalho, como todos os outros, tirei forças nem sei de onde, e fui, com meu Amor, para o casamento de Gisele.
Pura consideração, a alguém que, em tão pouco tempo, me cativou. Falei dela antes no blog, quando soube que ela nos deixaria para ir com seu Amor rumo à Capital Federal. Fiz questão de ir ao casamento, para dar-lhes as minhas bênçãos, meus desejos de boa sorte, felicidades, saúde na nova vida que se apresenta à frente dos noivos, agora recém casados.
Gisele era uma das noivas mais lindas que já vi, radiante, cheia de luz, de alegria em estar realizando um sonho: casar com o homem que ama. Lindo mesmo.
À parte, a mesa do pessoal do trabalho, presentes estavam Agnes (maquiagem e cabelos impecáveis) e seu irmão, Saldanha com a Sra. Saldanha (que atrasaram mais que a noiva...), Fabíola (de cabelos novos), minha grande Amiga, com seu noivo Gaúcho.
Infelizmente, devido ao meu estado de saúde, não pude coletar informações suficientes para uma resenha decente no blog, até porque, o que mais importa é desejar aos queridos e lindos noivos muitas felicidades. Mas, vou dar continuidade aqui à enquete iniciada pelo meu amigo Gaúcho: qual a capital de Porto Alegre?

domingo, 1 de junho de 2008

Pedofilia

Tenho um ditado muito pessoal que costuma causar polêmica entre aqueles que não me conhecem: o animal mais cruel que existe é o homem.
Digo isso porque conheço um pouco da natureza humana, o que é suficiente para me fazer querer continuar na ignorância quanto à maioria que desconheço.
Obviamente a crueldade humana não a torna menos interessante, ao contrário, nos fascina tentar entender uma mente tão complexa e perturbada. Sim, não estou ainda falando dos que sofrem de patologias, me refiro a todos nós. Todos somos complexos e, em maior ou menor grau, perturbados. Seja por às vezes odiarmos a quem amamos, ou amar a quem deveríamos odiar, seja por optar escalar uma montanha sem oxigênio e a temperaturas baixíssimas, para simplesmente chegar ao cume e então fazer todo o caminho de volta.
Todos os outros animais seguem os instintos mais básicos, se têm fome, buscam alimento, se têm sede, bebem água, se têm medo, atacam, quando crescem se reproduzem e, com sorte, após completar o ciclo da vida, morrem.
O ser humano criou uma série de outras necessidades, instintos que não se resumem a comer, beber, sobreviver e morrer. O homem lida hoje com uma epidemia mundial de obesidade, porque fez das refeições um universo de sabores, cheiros, cores, substâncias, texturas, e com isso o que menos importa é o instinto de se alimentar para sobreviver. Queremos prazer à mesa, companhia, ambiente climatizado, serviço cortês, pratos e talheres limpos. O homem reinventou esta necessidade tão básica, fez dela uma arte.
E, num mundo onde se busca o prazer em comer, em beber, em vestir, em consumir, nascem também as necessidades que não podem ser comentadas com os colegas de trabalho, nem mesmo com familiares ou amigos. Surge a necessidade de sentir prazer com a dor alheia, humilhar para se sentir importante, escravizar para se sentir livre.
Volto a dizer, o ser humano é o animal mais cruel que habita este planeta. É capaz de sorrir e apunhalar pelas costas não apenas um semelhante, mas seu próprio pai, mãe, ou mesmo filho. Capaz de oferecer a uma criança doces e brinquedos, em troca de algo que jamais lhe será devolvido: sua inocência.
É tão chocante que as pessoas nem comentam com o mesmo entusiasmo com que debatem sobre um assassinato ou qualquer novo escândalo político. O assunto é noticiado, mas constrange tanto a todos, que logo sai das manchetes e volta aos porões de onde saiu.
O erro está justamente aí. Pais, mães e educadores, ao invés de orientarem as crianças, para não serem vítimas de pedófilos que rondam suas casas e escolas, se escondem do assunto, que ainda é tabu. Palavra mais estúpida essa: tabu. Verdade pura, tanto que pouquíssimos deixam de lado a vergonha para protegerem suas crianças, explicarem, usando uma linguagem que elas entendam, que nenhum adulto tem o direito a mexer com seu corpo, tocar suas partes íntimas, beijar sua boca, lhe oferecer sexo antes que tenham se desenvolvido e despertado para isto.
Nosso maior erro está em termos vergonha de falar, explicar, conversar com as crianças. Prepará-las para se defender do monstro da pedofilia que as caça através da Internet, do portão da escola, ou dorme no quarto ao lado do seu.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Acordo

Ao contrário do que pensam muitos advogados, a definição de Acordo não é tirar a maior vantagem com o mínimo de esforço possível.
Acordo é definido como: Conformidade de sentimentos; bom entendimento: viver em perfeito acordo. Harmonia: acordo entre palavras e ação. Pacto, convenção, ajuste: as duas potências estabeleceram acordos entre si. Estar de acordo, ser da mesma opinião.
Estive do lado da parte Autora e hoje advogo para empresa, mas a minha visão particular de Acordo continua sendo a mesma: ambas as partes cedem um pouco, para chegar a consenso, para que minha pretensão e a da parte adversa sejam parcialmente atendidas e seja evitado todo o desgaste de um processo judicial.
A maior vantagem das partes conciliarem é exatamente fugir da morosidade da Justiça, da fase de instrução, sentença, recursos, mais recursos, mais recursos, execução, penhora, etc... É não precisar esperar tanto tempo para ter satisfeita sua pretensão, ou ao menos parte dela.
Já presenciei, por diversas vezes, a seguinte situação: em audiência a parte Autora recusou veementemente proposta de Acordo de indenização, achando que a empresa estava oferecendo pouco para as agruras sofridas. Em seguida, a Sentença do Juiz, proferida em valor inferior àquele que a empresa havia se proposto a pagar.
Sim, irão dizer meus colegas do Direito: mas cabe Recurso! Claro que cabe, mas, ainda que haja reforma por parte da Turma ou do Tribunal, quando vocês acham que esta pessoa terá este valor em mãos? Com sorte, em mais dois ou três anos.
Então, eu lhes pergunto, não teria sido mais benéfico, para todos – e todos aqui me refiro não apenas às partes envolvidas, mas a todos os que movimentam a máquina do Judiciário – a conciliação como proposta em audiência?!

sábado, 17 de maio de 2008

Nosso Dia

Meu Amor e eu temos o Nosso Dia desde que começamos a namorar. Esta data é relembrada e celebrada todos os meses, com bilhetinhos, flores, vinho, brinde, juras de amor. No início, me perguntava até quando duraria este cuidado um com o outro, confesso a vocês que não acreditava num amor assim. Nutria certo ceticismo em relação a um amor meloso, daqueles bem açucarados, como o dos filmes americanos. Acreditava que, passados os primeiros meses, tudo se acomodaria e então restaria um sentimento morno, calmo, sem comemorações mensais, sem cartas, sem brinde, sem juras de amor.
Já se passaram mais de três anos, muita coisa mudou, não é como no início. Conversava com meu Amor sobre isso ontem, enquanto buscávamos um restaurante onde pudéssemos celebrar o Nosso Dia. Após certa peregrinação até chegarmos ao novo point da cidade que, obviamente, estava cheio, fomos para um restaurante japonês, velho conhecido, e sentamos, lado a lado. Brindamos com saquê, algo que não é comum, e rimos porque derramamos a bebida na mesa. Li a cartinha de amor que ele me escreveu, LINDA. Ultimamente todas as nossas cartas de amor falam de uma só coisa: os planos de ficarmos juntinhos, no nosso canto. Nós quatro: eu, ele e as cadelas. Mas isso é assunto pra um outro post...
Este aqui é sobre o AMOR. Sobre esse sentimento que me faz digitar cada uma dessas palavras com o coração acelerado, como se fosse encontrá-lo pela primeira vez, cheia de expectativas, um certo medinho, coisa de quem ama.
E eu amo. Amo muito e amo tanto, de uma forma que nem consigo descrever. Mas não custa nada tentar!
Meu Amor:
Já te disse isso outras vezes, de várias formas, mas não custa repetir: desde que nos encontramos, minha vida passou a fazer mais sentido, o mundo ganhou novas cores, encontrei em você um companheiro para toda a vida. Seus cuidados diários comigo, sua preocupação, atenção, me enchem de alegria e aquecem meu coração. Meus olhos se iluminam quando te vejo, porque você significa para mim o amor puro que sempre quis sentir pulsar no peito. Quero tudo com você, já queria com poucos meses de namoro, hoje quero mais ainda. Te agradeço por acompanhar cada passo que dei, por me valorizar não apenas como mulher, mas por entender o quanto é importante para mim as conquistas profissionais. Com seu apoio hoje olho para trás e vejo o quanto progredi, me tornei alguém melhor. Continuo teimosa (como você), impaciente (especialmente na TPM), viro os olhos quando você diz ou faz algo que me contraria. Mas também me vejo hoje mais amorosa, carinhosa, atenciosa, dengosa, dedicada... Quero muito ser feliz ao seu lado, construir um lar, uma família, enfim, ver nossos sonhos se concretizarem. TE AMO.

domingo, 11 de maio de 2008

De mudança!

Para alguém que, como eu, estudou do maternal ao 3º ano no mesmo colégio, e que mora no mesmo apartamento há mais de 20 anos, qualquer mudança é sinônimo de ameaça e uma das situações mais difíceis de encarar.
Pois bem, esta semana, para o mais absoluto desespero da minha alma taurina e acostumada a uma rotina pré estabelecida, minha vida deu uma guinada de 180º.
Na quarta-feira aceitei um novo desafio profissional e pedi as contas do emprego anterior.
Claro que contei com a compreensão de todos (ou quase todos), em especial do meu chefe, a quem eu sequer os havia apresentado: Saldanha. Ou Sal, para os mais chegados.
Pedi mil desculpas, mas precisava assumir o novo emprego naquele mesmo dia, à tarde. Ele sorriu e me desejou toda a sorte do mundo, disse que eu não deveria me preocupar com nada, pois eles se ajeitariam no escritório, providenciando colegas para cobrir minha pauta de audiências e prazos que aparecessem, até definir uma nova pessoa para assumir minha carteira de processos - que não são poucos!
Hoje li um e-mail que ele mandou, e que transcrevo aqui, porque me orgulha muito o seu conteúdo:
"Como sempre a sua presteza é de se elogiar, isto demonstra a excelente profissional que vc realmente é. Que o nosso Sr. Deus na sua infinita bondade e misericórdia te abençoe grandiosamente na sua nova jornada e que voce tenha todo o sucesso do mundo, não só na vida profissional mas também no âmbito afetivo. Ficamos imensamente felizes por ter estado conosco uma pessoa tão dedicada, responsável, pontual e comprometida. Ao mesmo tempo que ficamos tristes por sua saida, ficamos alegres de saber que vc está prosseguindo nas suas conquistas, vc fará muita falta!!! Parabéns, vc merece. Quero dizer, de coração, que sempre estarei à disposição para qualquer coisa que voce precisar e estaremos de braços abertos para te receber, espero poder contar com vc nas nossas confraternizações."
Quem me conhece imagina o quanto significa, para mim, este tipo de reconhecimento.
Bola pra frente, na quarta-feira mesmo iniciei essa nova etapa, MORRENDO DE MEDO, com tanto frio na barriga que nem consegui almoçar, providenciando documentos para minha contratação e já participando de reuniões na nova empresa.
Como lá ainda é tudo muito novo, ambiente, pessoas e etc, me sinto à vontade para continuar a escrever sobre experiências anteriores, os colegas que me perdoem, mas suas histórias continuarão a ser descritas aqui e do meu jeito às vezes tendencioso de ser... Risos
Não posso também deixar passar em branco que hoje é o Dia das Mães, e a minha merece uma homenagem mais que especial, por tudo o que ela fez, faz e ainda fará por mim. Pelo significado que ela dá à minha vida. Os elogios que me foram endereçados por Sal, devo também a ela, já que é nela que me espelho como profissional. Não cresci tendo em casa o modelo de mãe que passa o dedo nos móveis para ver se a empregada está tirando a poeira todos os dias. Graças a Deus. Não arrumo minha cama ao levantar, não sei fazer faxina pra deixar a casa um brinco. Há pouco me dei conta de que vou precisar sim de uma pessoa trabalhando na minha casa, todos os dias, das 08 às 18h. Cuidando da cama, das roupas, da comida, das cadelas. Porque cresci vendo minha mãe acordar cedo e correr para o trabalho, realizar suas tarefas com eficiência, responsabilidade, comprometimento, zelo. Cresci ouvindo elogios a sua postura como mulher, mãe e profissional, vendo os demais colegas elogiarem sua competência, inteligência, perspicácia. E, se um dia, eu conseguir alcançar metade disso, já sei que serei uma excelente mulher, mãe e profissional.
Por tudo isso, Mãe, que eu agradeço a você por tudo, tudo, tudo e a Deus por ter escolhido a dedo a família que me receberia. Te amo.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A despedida de Gisele

Falei de perda há pouco tempo, no post sobre Amizade. E nele reafirmava a convicção de que, para mim, é mais fácil dizer adeus às pessoas queridas. Mas, confirmando contradições da minha condição humana, é com o coração apertado e lágrimas nos olhos que inicio neste post a despedida de uma colega de trabalho muito especial.

As pessoas com quem trabalho diretamente são todas particularmente interessantes, seres humanos riquíssimos, cheios de nuances, cada dia convivendo com eles é uma experiência sem comparação.

Gisele é aquele tipo de pessoa que conquista a todos, chefe, colegas e clientes. Seus olhos e cabelos claros, suas feições jovens, podem até gerar certa desconfiança para quem a vê pela primeira vez, mas basta que ela comece a falar, e sua voz é firme, transmite confiança, conhecimento, para que o receio se dissipe e então se torne visível a olho nu, a fantástica advogada que está diante de você.

Já presenciei alguns momentos importantes dela, profissionalmente, ao conseguir êxito numa causa que parecia perdida, ou ao vivenciar algo inédito. Ela sempre se sai bem, mas tem a humildade de buscar a opinião dos colegas.

Sua origem gaúcha e ascendência italiana contribuem com mais que simplesmente cabelos loiros e olhos verdes... têm a ver com o seu sangue quente, do ciúme que ela sente, quando ama. Engraçado que ela o defende com tanta veemência, que quase nos sentimos menos humanos por não termos este ardor com a mesma intensidade.

A decisão de ir embora e recomeçar uma nova vida, num novo lugar, foi repentina, mas felizmente teremos este mês para nos acostumarmos à idéia. Diante disto, tenho apenas uma certeza: a de que Gisele encontrará o sucesso onde quer que vá. E que ela merece toda felicidade do mundo ao lado de seu Amor.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A dra. e as uvas

Segunda-feira é sempre um dia dos mais férteis no jurídico...

Todos cheios de novidades do fim de semana, cada um ansioso por contar suas peripécias aos colegas.

Dra. Agnes é uma das advogadas mais sérias com a qual convivo diariamente, o tipo da pessoa que quando fala, os demais respondem: sim, senhora!

Pois bem, numa segunda-feira, chegou ao escritório pela manhã, iniciando seus trabalhos cantando o mais novo hit da torcida Ba x Vi:
“Na sua boca eu viro fruta
Chupa que é de uva
Chupa, chupa
Chupa que é de uva”

Os colegas, surpresos, se entreolharam, mas permaneceram calados, temendo contrariar a dra... Eu, ousada que sou, avisei: essa vai pro blog, dra.!!!

Para os que desconhecem esta pérola da música popular baiana, aqui vai a letra:

Chupa Que É De Uva
Aviões do Forró
Composição: Alexandre Avião / Richardson Maia / Marujo

"Vem meu cajuzinho
Te dou muito carinho
Me dá seu coração
Me dá seu coração

Vem meu moranguinho
Te pego de jeitinho
Te encho de tesão
Te encho de tesão

Me deixa maluca
Tira o mel da fruta
Me mata de amor
Me mata de amor

Me pega no colo
Me olha nos olhos
Me beija que é bom
Me beija que é bom

Na sua boca eu viro fruta
Chupa que é de uva
Chupa, chupa
Chupa que é de uva"

Bete e o preso

Numa manhã de outono no escritório, sol a pino lá fora, bem típico de qualquer época do ano em Salvador, Bob, Fabíola e Bete trabalhavam normalmente.
Os demais colegas estavam em diligência externa, o que normalmente implica dizer que estava cada qual cuidando de seus processos no Fórum, Juizados e etc.
Meio dia, jurídico vazio, momento que Bete mais se dedica ao trabalho, pois considera o horário de almoço, tão sagrado para tantos, absolutamente dispensável.
De repente, o telefone toca. A recepcionista avisa que um cliente está na linha, ansioso por notícias a respeito de seus processos.
Bete então respira fundo, pois seu raciocínio já foi interrompido, e decide atender a ligação. Logo no início da conversa, a advogada identifica a necessidade de que o cliente volte a ligar quando os outros advogados retornarem do almoço, pois ele tem várias ações em curso, e somente assim seria possível informá-lo sobre a situação atualizada de cada uma.
O cliente então, responde que não será possível ligar mais tarde.
A dra. insiste, explica que no horário de almoço não pode, sequer, solicitar as pastas do cliente aos arquivistas, que estão almoçando.
Ainda assim, o cliente é categórico ao afirmar que precisa da informação naquele momento, pois não poderá ligar noutro horário.
A advogada então orienta-o a comparecer pessoalmente à sede do escritório, para tratar dos seus processos.
Nova recusa do cliente, que afirma ser impossível fazer uma visita aos advogados.
Bete então, coberta de razão, se insurge contra tamanho “desinteresse” e inicia verdadeiro sermão, de que ele é a parte mais interessada, que deve acompanhar o andamento dos processos, que precisa sim comparecer ao escritório porque o advogado não atua sem ajuda da parte, que é dever desta fornecer todos os documentos necessários a sua defesa em juízo......
Do outro lado da linha, o cliente finalmente se justifica: ô dra... não é que eu não queira... é que eu não posso... eu estou preso... e os guardas só me deixam usar o telefone neste horário...
___________________________________________________

Em homenagem ao amigo Gaúcho que agora se aventura a advogar em terras baianas e que tanto gostou desta historinha...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Frangão

Pedindo o almoço, já em adiantada hora, desesperados de fome, o Dr. Arnaldo e eu decidimos ligar para um restaurante desconhecido da cidade, e nos arriscar pedindo o delivery de um FRANGÃO na brasa.

Ao informar as iniciais do prédio para a atendente, o Dr. Inicia assim a soletração:
A de amor
B de bola
C de casa
D de dado e
A de Silvana

A atendente, do outro lado da linha, provavelmente surpresa, questionou: A de Silvana??? Como assim???

Ao que teve como resposta: se vc tirar o A de Silvana, não existe Silvana!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Pitadas de Direito

Pessoal, como eu disse no início, este blog não se restringe ao universo jurídico. Mas, de vez em quando, terei a urgência em dividir meus conhecimentos nesta área com vocês.

Ontem, à beira da piscina, enquanto degustava uns acarajés com coca-cola, a conversa amena entre primas foi substituída por especulações, interjeições e perplexidade. Falávamos do caso Isabella.

O casal, pai e madrasta, havia dado entrevista transmitida em rede nacional e novos elementos da investigação policial foram divulgados, então é quase irresistível discutir o assunto.

As pessoas leigas - é como chamamos aqueles que gravitam em paralelo a nosso universo jurídico - não se conformam com a ausência de uma confissão. E, mais ainda, com a ausência da verdade nos depoimentos dos acusados.

Pois bem....

Meus caros, por mais estranho que lhes pareça, a confissão é, para o Direito Penal e Processo Penal modernos, o que menos importa. Até pelo fato de, algumas vezes, ser arrancada de forma pouco ortodoxa em Delegacias. E há ainda aqueles que confessam por medo do verdadeiro criminoso, ou ainda por amor a este.

Então, mais importante que o acusado DIZER que cometeu o crime, é PROVAR que ele o fez.

Graças a técnicas de investigação, exames e equipamentos de última geração, aquilo que assistimos em seriados americanos se mostra eficaz em casos como este que acompanhamos, da menina Isabella. Mesmo tendo sido lavados, tecidos que contêm vestígios de sangue servem como prova, a própria vítima conta o que lhe foi feito, já dizia minha brilhante professora de Medicina Legal, Dra. Teresa. E os peritos vão montando o quebra-cabeça até a última peça se encaixar.

Não esperem uma confissão, ela não virá neste caso. Isto porque os acusados em questão vêm sendo orientados, de maneira meticulosa, pelos seus advogados.

O que não os impede de cometer erros, como "esquecer" que pessoas muito "família" estariam abraçados ou de mãos dadas ao dar aquela entrevista, demonstrando a harmonia que se desejava transmitir. É que advogado até faz milagre... mas não transforma latão em ouro.

Outro esclarecimento: aquele que é acusado de um crime NÃO está obrigado a dizer a verdade. Por mais revoltante que lhes pareça, principalmente diante de um caso como este, somente quem presta compromisso são as testemunhas. Acusado, indiciado, réu pode mentir à vontade. Tentar se safar, não produzir provas que lhe prejudiquem.

Exatamente por isso é que eles não estão obrigados, também, a participarem da reconstituição que deve acontecer nos próximos dias. Podem ser conduzidos ao local pela Polícia, e lá simplesmente acompanhar os trabalhos, sem ajudar a elucidar o que quer que seja.

Espero, diante dos esclarecimentos, lançar um pouco de luz sobre este caso tão sombrio e que tanto machuca a classe média que nele se vê representada. Sem esquecer que, desde Isabella, outras crianças com certeza foram vitimadas por aqueles em quem mais confiavam, não só neste país, como também mundo afora.

domingo, 20 de abril de 2008

Domingo

Eu amo domingo.
Pelo menos até me dar conta de que ele está chegando ao fim e que mais uma semana de cinco dias está para começar...
Domingo é o único dia da semana em que é possível, pelo menos para mim, preparar e degustar um café da manhã delicioso, com ovos, cuscuz, pão quentinho, café com leite, suco... Além, é claro, da regalia de poder fazê-lo na cama, enquanto leio as notícias do A Tarde. Ah, e tem também a presença da família, todos relaxados, simplesmente desfrutando do domingo...
É dia de acordar tarde, espreguiçar na cama e sorrir, porque é DOMINGO.
Não há absolutamente NADA a fazer, não há pressa. O dia começa e termina da mesma forma: sem compromissos, horários ou responsabilidades.
Faço o que me dá na telha: levo os cachorros para um passeio, durmo o dia inteiro, assisto tv, um filme, preparo um drinque, simplesmente passeio pela internet, vendo todas as besteiras que durante a semana não dá pra ver, ou nada disso!
Ah, como é bom...
Claro que nem todos os dias de domingo são iguais, alguns vêm sim com algum compromisso familiar ou mesmo aniversário de um amigo, mas isso não lhe tira a peculiaridade, domingo é o MEU dia.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Amizade

Há dias venho lutando para colocar pensamentos e sentimentos a respeito de amizade neste blog. Confesso que, se fosse fácil, não teria a menor graça, como tudo na vida. Mas é algo sobre o que PRECISO escrever, em razão de acontecimentos recentes.
Costumo dizer que quem perdeu familiares próximos enquanto criança tem maior facilidade em aceitar que pessoas vêm e vão. Que essas perdas fazem parte de nossa experiência de vida como um todo e nos ajudam a crescer emocionalmente.
Existem indivíduos que não sabem como lidar com este tipo de perda, os vemos em manchetes de jornal: José matou Maria, sua ex namorada, porque ela não aceitou reatar o namoro. Ou: homem planeja assassinato de ex sócio porque este decidiu pôr fim à sociedade.
Jamais irei entender o que lhes move. Porque perder faz parte do jogo da vida.
Entendam, não estou aqui fazendo apologia a ser um perdedor, a desistir de lutar. Isso, jamais. Mas acredito que há várias maneiras de nos recuperarmos deste tipo de perda.
Viajar é uma boa opção, para aqueles poucos que têm tempo e dinheiro de sobra.
Meditar é também uma alternativa. Refletir sobre os fatos que desencadearam a separação, mas isso somente tem validade se você puder separar emoção e razão, um mínimo que seja, para reconhecer também os seus próprios erros, assumir a culpa pelas bobagens ditas e guardar para si aqueles tantos momentos vividos que valem a pena ser lembrados. O difícil aqui é justamente ter este desprendimento. A maioria não tem.
E, como somos humanos, outra saída é dar vazão aos sentimentos, seja dando aquele telefonema histérico, do qual você se arrepende no segundo em que desliga, seja desabafando todo o ressentimento com amigos próximos, seja gritando bem alto, sozinho, em casa, todas aquelas frases e palavras impublicáveis.
Como eu disse, existem várias formas de lidar com perdas. Listei apenas algumas delas.
A primeira vez que tenho a lembrança de ter vivenciado uma situação semelhante à atual, foi aos 14 anos. Lembro-me exatamente da conclusão à qual cheguei, após desabafar e meditar: iria extirpar aquelas pessoas do meu convívio social porque havia concluído que sua amizade não me era benéfica, não condizia com o meu juízo do que é ser amigo. E assim toquei a vida, esquecendo-me por completo daquelas pessoas, a ponto de cruzar com elas num elevador e sequer reconhecer-lhes as feições.
Estranho mas verdade. Defeito ou qualidade, eu sou assim.
Agora, muitos anos depois, vivo situação semelhante. Acabo de perder dois amigos, da mesma maneira. Dessa vez tudo um pouco mais trágico e com toques da era moderna: com direito a e-mail raivoso, rancoroso, péssimo. Palavras escritas, para não haver dúvida de seu conteúdo.
Mais uma vez, me recolho e repenso, revivo cada momento com aquelas pessoas, e chego à mesma conclusão: elas simplesmente não valem a pena. Não partilham do mesmo conceito de amizade que eu. E, se é assim, então ADEUS.
Eu de cá continuo a afirmar que, para quem como eu, perdeu alguém querido tão cedo, perder pseudo amigos não significa nada, tão somente uma página virada.
Aos meus verdadeiros e fiéis amigos, àqueles que conhecem meu coração, sabem o que vai cá dentro na minha alma, o meu eterno e profundo amor. Vocês sim, merecem todo e qualquer sacrifício, lágrimas e riso, aqui ou em qualquer outro lugar, são parte de mim.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Primeiro

Olá todo mundo!
Meio difícil começar, mas cá estou eu... finalmente cedendo ao impulso de escrever sobre tudo e nada, coisas grandes e pequenas, específicas e genéricas.
O título do blog é uma referência a minha atividade profissional, o que não significa que o conteúdo dos meus escritos se limitarão à área jurídica.
Acredito que mais importante do que o que fazemos é quem somos e eu sou muito mais que um diploma empoeirado, um título na parede, ou qualquer dessas coisas.
A idéia é me expor, em opiniões, experiências, memórias. E, com alguma sorte, ter alguém interessado em ler o que escrevo, comentando e participando, se expondo, assim como eu.
Nas últimas semanas ligo a tv e só se fala num mesmo assunto: o assassinato da menina Isabella Nardoni. Acho até válido o esforço da mídia em não deixar que o assunto morra, pois morta já está a criança...
Mas, contudo, todavia, no entanto...
Detesto o ar de condenação antecipado, o espaço gratuito dado em horário nobre aos advogados dos suspeitos, a falta de sossego para que a polícia e a perícia consigam provar o que se passou ali aquela noite.
Sinceramente, não me surpreenderia se, ao final de tanto estardalhaço, a polícia apresentar uma acusação baseada em provas circunstanciais e, ao final de um longo e desgastante processo, os acusados sejam declarados inocentes por júri popular.